Monumental- O "Gigante" dos anos 50

O Monumental e o seu nome diz tudo: grandeza, imensidão, colossal...um enorme ponto de referência de Lisboa, mais concretamente na Praça do Saldanha, onde existiu durante largos anos.

Cinema Império - Outro "Gigante" Lisboeta

Em Maio de 1952, seria inaugurado o Cinema Império, localizado na Alameda D. Afonso Henriques, que contou com as presenças de diversas individualidades importantes da altura.

EDEN - O "GIGANTE" dos Restauradores

O novo Éden Teatro foi inaugurado em 1937 com a apresentação da peça "Bocage", interpretada pelo actor Estevão Amarante, numa cerimónia memóravel presidida pelo Chefe de Estado, o Marechal Carmona.

Cinema Vale Formoso: Para quando a sua reabilitação?

Entre as décadas de 1950 e 1970, este cinema (a par de outros como o Júlio Dinis, Terço, Passos Manuel, etc.) foi considerado como uma das salas de referência da cidade do Porto, tendo sido explorado pela Lusomundo.

Águia De Ouro - Clássico do Porto

Em 1930 viria a inaugurar-se o cinema sonoro com o filme All That Jazz com Al Jolson. O Águia d'Ouro seria então considerada uma das melhores salas do Porto.

3.9.08

Regresso ao Passado através do Cinema



"Aqui há alguns anos existia uma rúbrica no Cartaz do jornal Expresso que eu tinha o hábito de ler todas as semanas, por achar curiosa embora terrivelmente frustrante: chamava-se “as sessões contínuas”, onde se teciam comentários às salas de exibição a que hoje em dia temos direito.
Porquê frustrante? Pela simples razão de, por mais voltas que se dêem, por mais salas que se frequentem, o resultado é quase sempre o mesmo.
Tirando a melhor ou pior qualidade de projecção, mais pipoca ou menos pipoca, a ida a uma sessão de cinema nos tempos actuais tem sempre o sabor da massificação, do colectivo no mau sentido.
E a maior parte das vezes dá-nos a sensação de entrarmos para quartos (vá lá, suites...) de um qualquer hotel de boa categoria, com óptimos corredores alcatifados. Existe conforto, sim senhor, mas a magia, o espectáculo, são coisas ausentes, que se perderam algures no tempo.
E, no entanto, ainda me lembro do prazer que era ir ao cinema, independentemente da qualidade do filme a que se ia assistir.
Lisboa, no início da década de 70, não chegava a ter vinte salas de estreia - numa pequena viagem da Baixa para as Avenidas Novas, era o Condes e o Eden, o Tivoli e o S. Jorge, o Castil, o Mundial, o Monumental com o seu Satélite, o Apolo 70 e o Berna, o Império e o seu Estúdio, o Roxy, o Londres, Roma, Vox e Alvalade, o Estúdio 444 e o Caleidoscópio (algumas outras salas, como o Quarteto ou o Nimas, chegaram já um pouco mais tarde, depois de Abril de 74).
Nem uma destas salas resistiu à passagem dos anos, embora continuem vivas nas nossas memórias. E eram todas salas de espectáculo (não apenas de exibição, como hoje), grandes e espaçosas, as mais antigas com a sua plateia e o seu balcão (12$50 e 25$00, lembram-se?).
Ah, e um pormenor de grande importância: a maioria tinha cortinados, longos e espessos, que, imagine-se, abriam-se e fechavam-se, majestosamente, no início e no fim da cerimónia (lembram-se do filme do Coppola, "One From The Heart / Do Fundo do Coração"? Pois, era isso mesmo, a magia...).
Curiosamente, as salas tinham a sua própria programação, o mesmo filme não se estreava em mais de um local ao mesmo tempo; e isso tinha uma certa importância, conferia a cada sala a sua personalidade, a sua identidade.
E quanto à sessão, propriamente dita, as diferenças revelavam-se mesmo antes de se entrar para a sala escura: normalmente havia bichas maiores do que as de hoje (videos e dvds eram palavras desconhecidas, pelo que as pessoas eram obrigadas a sair de casa) mas no fim da espera era reconfortante poder-se falar, directamente e em tom normal, com a pessoa que vendia os bilhetes (e não aos berros e para um pedaço de vidro, como hoje acontece).
Depois era a recolha do programa grátis (que sempre servia de pretexto para se dar qualquer coisa ao arrumador) com os dados mais ou menos completos do filme em cartaz e às vezes também com comentários críticos (lembram-se do bom trabalho que o Lauro António fazia no Apolo 70?).
Finalmente o início da sessão, que quase sempre começava por um magazine de actualidades ("Assim vai o mundo..."), um desenho animado e/ou um documentário e as apresentações das próximas estreias.
Primeiro intervalo (algumas salas foram-no abolindo), antes do início do filme de fundo e, antes da segunda parte, um novo intervalo. Estes interregnos serviam, acredite-se, para visitar o bar, tecer comentários sobre o filme, ir à casa de banho...
Para concluir, uma última referência a outra vertente das sessões: sala que se prezasse tinha sempre as suas sessões clássicas (normalmente ao fim da tarde ou à meia-noite) onde, por preços mais reduzidos, se podiam visualizar outros filmes, velhas glórias do passado, de que habitualmente só se tinha ouvido falar ou lido em revistas e livros de cinema.
Ah, e no Verão havia mesmo férias para as estreias - era a época das reposições, que servia de igual modo para preencher lacunas antigas.Enfim, outros tempos, outras sessões contínuas..."

Texto e imagem retirado do blogue "Ié, Ié" da autoria de Rato...uma excelente viagem ao passado.