De regresso à Invicta e aos seus cinemas do passado.
Desta vez vou escrever sobre o Estúdio Foco (também conhecido por Foco ou Graham), localizado na Rua Afonso Lopes Vieira, n.º 54, inserido no Complexo Residencial da Boavista.
Este complexo começou a ser construído em 1962, segundo o projecto do Arquitecto Agostinho Ricca (responsável pelo Cinema Trindade), nos terrenos da antiga fábrica de William Graham, fundada em 1889.
Este cinema, com caracteristicas de sala estúdio, por ter capacidade para somente 428 pessoas, foi inaugurado em 9 de Novembro de 1973, com o filme "O Grande Conquistador" de Herbert Ross e interpretado por Woody Allen.
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Anúncio de jornal da inauguração do Estúdio Foco a 09.11.1973 (colecção Frederico Corado) |
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Anúncio de jornal da inauguração do Estúdio Foco a 09.11.1973 (colecção Frederico Corado)
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Anúncio de jornal do Estúdio Foco (colecção Frederico Corado)
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Anúncio de jornal do filme inaugural do Estúdio Foco a 09.11.1973 (colecção Frederico Corado)
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Cartaz de espectáculos (colecção Frederico Corado)
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Este estúdio tinha como objectivo exibir filmes de terror e clássicos em sessões à meia-noite, bem como exibir filmes infantis nas manhãs de Domingo. Os preços, na época, situavam-se entre os 7$50 e os 32$00.Logo após a sua inauguração, entre os dias 12 e 17 de novembro, realizou-se um "Festival de Abertura", com a selecção de filmes de qualidade, sob a supervisão do então director de programa, Lauro António.
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Cartaz do "Festival de Abertura" do Estúdio Foco, de 12 a 17 de novembro de 1973 (colecção Frederico Corado)
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Este espaço, que ficava situado num modernissímo Parque Residencial da Boavista, foi inaugurado com pompa e circunstância. Entre os convidados, destacavam-se individualidades da cidade do Porto, bem como pessoas ligadas ao cinema e ao Banco Português do Atlântico, que financiou a sua construção.
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Recorte de jornal da festa de inauguração do Estúdio Foco a 09.11.1973 (colecção Frederico Corado)
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Embora tendo menos espaço, o conforto era imenso. As cadeiras eram do tipo mecânico, que baixavam de acordo com o peso de cada espectador.
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Interior da sala do Estúdio Foco (Porto Desaparecido, 2015) |
A sala estava equipada com projectores Phillips de 35 e 70mm, que ainda se encontram dentro do malfadado cinema atualmente.
O tecto da sala com acústica propria, foi estudada para melhorar o comportamento sonoro e o revestimento era absorvente. As paredes de madeira faziam uma caixa de ressonância com o betão das paredes exteriores.
Para além da sala em si, foram previstos camarins e um escritório. A entrada no cinema era feita por um amplo foyer.
Este cinema era gerido por Alberto Ribeiro da Mota e passava filmes mais selectos, tendo Lauro António sido o seu director de programação, o que contribuiu para o seu sucesso. Na década de 1990, e com o encerramento de vários cinemas no Porto, o Estúdio Foco manteve-se aberto até 1997.
Atualmente, encontra-se encerrado e abandonado, mantendo a plateia e o equipamento, que se encontram em muito mau estado devido à humidade.
Fontes:
- ALECRIM, Inês Sofia Teixeira Sousa (2013/2014). O Grande Parque Residencial da Boavista 1962-1973, Dissertação de Mestrado, FAUP, Porto
- http://cesarioalves.net/projects/cinema/
- http://cinemaaoscopos.blogspot.com/2013/04/estudio-foco-porto.html
- https://jpn.up.pt/2013/05/19/porto-ha-salas-de-cinema-fechadas-ha-mais-de-20-anos/
- https://www.facebook.com/PortoDesaparecido/photos/a.692886197433252/944152442306625/?type=3