6.4.19

Cinemas do Paraíso: Amadora - Cine-Teatro Lido

Continuando pela cidade da Amadora, chegamos ao maior cinema existente nesta área, de seu nome Cine-Teatro Lido, na Rua Dom Duarte.

Este edificio foi projectado pelo Arq.º Antero Ferreira e inaugurado em 1962, em pleno Bairro de Janeiro às portas de Queluz, com os filmes "E tudo o Vento Levou" e a "A Volta ao Mundo em 80 dias". O surgimento deste cine-teatro deveu-se ao industrial José de Sousa, responsável por grande parte do manto urbano daquela zona, e que decidira inserir um moderno edificio nesse aglomerado de prédios, onde se pudessem realizar espectáculos de teatro e cinema.



A sala era composta por um vasto palco, conforme a Lei para localidades com mais de 10.000 habitantes, um ecrã majestoso com som de estreofónica total e um sistema de ventilação e aquecimento, que prometia oferecer o indispensável conforto aos 1137 lugares que faziam parte da sua lotação. Era apoiada por dois bares e foyers, que não deixavam dúvidas quanto à dimensão do projecto. Tinha uma plateia e dois balcões.

No auge do seu enorme sucesso nas décadas de 1960 e 1970, foi uma das salas de espectáculos mais importantes da área metropolitana de Lisboa e, talvez, do país. Enquanto sala de cinema, chegou a presenciar autênticas romarias de pessoas que vinham de toda a linha de Sintra. Pelo seu palco, também passaram alguns dos mais importantes actores do país.

A 30 de dezembro de 1967, estreou neste cinema o filme "A Cruz de Ferro", realizado por Jorge Brum de Canto, cujas receitas reverteram a favor das vítimas das cheias de 1967.






Na década de 1970, o edificio sofreu alterações significativas e inaugurou uma galeria comercial, bem como uma segunda sala de cinema, designada de Cine-estúdio, com 333 lugares. 


Na década de 1980, o cine-teatro foi novamente alterado e passou a habitar a co-existência de cinema no balcão e discoteca na plateia, originando um fenónemo da noite e tardes de fim-de-semana, sendo considerada uma das maiores discotecas da Europa, com capacidade para 2500 pessoas. Até Adam Curry, o famoso apresentador do programa "Countdown" (quem não se lembra deste loirinho bonitão?) frequentou esta discoteca em todo o seu esplendor.











A chegada do mercado do video nos finais dos anos 80, levou ao encerramento do cinema, que deu origem a uma igreja em 1995. Com o aparecimento de outras superficies comerciais mais modernas, todas as actividades do edificio encerraram, excepto o restaurante e um pequeno bar.

Em 2009, um incêndio destruiu por completo o seu interior, que se encontrava devoluto há algum tempo. 



Apesar da zona envolvente ter ganho um belo parque e novos locais de interesse actualmente, o edificio do Cine-Teatro Lido continua em ruínas, lentamente a definhar perante os olhos dos municipes de Amadora, esperando pela reabilitação ou demolição.






 Fontes:
http://cinemaaoscopos.blogspot.com/2014/08/lido-amadora.html
https://arquivos.rtp.pt/conteudos/estreia-do-filme-a-cruz-de-ferro/
https://www.facebook.com/872361909520918/posts/o-cine-teatro-lido-projectado-pelo-arquitecto-antero-ferreira-foi-inaugurado-a-2/877899252300517/
https://www.youtube.com/watch?v=mZq6oaaeDw4
https://www.youtube.com/watch?v=ZwPkbLgz8Ho

6 comments:

É uma tristeza ver o Lido em ruínas.
Eu acho que a CMA devia adquirir o Lido e restaurá-lo, como fez com o D João V, na Damaia.
Quando fosse o Festival de Banda Desenhada, podiam lá exibir filmes sobre BD, agora que os Super Heróis estão na moda em Hollywood.

Cumprimentos

Álvaro Pereira

Este comentário foi removido pelo autor.

Vivi em frente ao cinema e situado na Rua D.Duarte, e não na praça D.Joao I como referem no texto.

Fiz parte do júri dos DJs, o primeiro concurso a nível nacional.
Outros tempos, que saudades.
Hugo Marinho

Fiz parte da mesa dos júris, o primeiro concurso feito a nível nacional.
Bons tempos,muitas saudades.
Obrigado
Hugo Marinho

Tenho uma fotografia com a idade de 5 anos num concurso de mascaras de carnaval, que anualmente tinha lugar no palco do Lido. fiquei em terceiro lugar lembro-me também de dois rapazes que se faziam acompanhar pela sua mae... O Nuno e o Henrique que mais tarde vim a perceber que se tratavam dos irmãos Feist. foram concorrentes assiduos em todas as edições. A minha mãe trabalhou no Lido até se reformar e a minha avó era casada com o guarda do recinto e que viviam dentro do edifício num pequeno apartamento que existia para o efeito e que ficava mesmo junto a cabine de alta tensão. tive um cartão de livre acesso à discoteca que me foi oferecido pelo sr. Ferreira Lopes.
Tempos que já não voltam