Continuando pela cidade da Amadora, chegamos ao maior cinema existente nesta área, de seu nome Cine-Teatro Lido, na Rua Dom Duarte.
Este edificio foi projectado pelo Arq.º Antero Ferreira e inaugurado em 1962, em pleno Bairro de Janeiro às portas de Queluz, com os filmes "E tudo o Vento Levou" e a "A Volta ao Mundo em 80 dias". O surgimento deste cine-teatro deveu-se ao industrial José de Sousa, responsável por grande parte do manto urbano daquela zona, e que decidira inserir um moderno edificio nesse aglomerado de prédios, onde se pudessem realizar espectáculos de teatro e cinema.
A sala era composta por um vasto palco, conforme a Lei para localidades com mais de 10.000 habitantes, um ecrã majestoso com som de estreofónica total e um sistema de ventilação e aquecimento, que prometia oferecer o indispensável conforto aos 1137 lugares que faziam parte da sua lotação. Era apoiada por dois bares e foyers, que não deixavam dúvidas quanto à dimensão do projecto. Tinha uma plateia e dois balcões.
No auge do seu enorme sucesso nas décadas de 1960 e 1970, foi uma das salas de espectáculos mais importantes da área metropolitana de Lisboa e, talvez, do país. Enquanto sala de cinema, chegou a presenciar autênticas romarias de pessoas que vinham de toda a linha de Sintra. Pelo seu palco, também passaram alguns dos mais importantes actores do país.
A 30 de dezembro de 1967, estreou neste cinema o filme "A Cruz de Ferro", realizado por Jorge Brum de Canto, cujas receitas reverteram a favor das vítimas das cheias de 1967.
A 30 de dezembro de 1967, estreou neste cinema o filme "A Cruz de Ferro", realizado por Jorge Brum de Canto, cujas receitas reverteram a favor das vítimas das cheias de 1967.
Na década de 1970, o edificio sofreu alterações significativas e inaugurou uma galeria comercial, bem como uma segunda sala de cinema, designada de Cine-estúdio, com 333 lugares.
Na década de 1980, o cine-teatro foi novamente alterado e passou a habitar a co-existência de cinema no balcão e discoteca na plateia, originando um fenónemo da noite e tardes de fim-de-semana, sendo considerada uma das maiores discotecas da Europa, com capacidade para 2500 pessoas. Até Adam Curry, o famoso apresentador do programa "Countdown" (quem não se lembra deste loirinho bonitão?) frequentou esta discoteca em todo o seu esplendor.
A chegada do mercado do video nos finais dos anos 80, levou ao encerramento do cinema, que deu origem a uma igreja em 1995. Com o aparecimento de outras superficies comerciais mais modernas, todas as actividades do edificio encerraram, excepto o restaurante e um pequeno bar.
Em 2009, um incêndio destruiu por completo o seu interior, que se encontrava devoluto há algum tempo.
Apesar da zona envolvente ter ganho um belo parque e novos locais de interesse actualmente, o edificio do Cine-Teatro Lido continua em ruínas, lentamente a definhar perante os olhos dos municipes de Amadora, esperando pela reabilitação ou demolição.
Fontes:
- http://cinemaaoscopos.blogspot.com/2014/08/lido-amadora.html- https://arquivos.rtp.pt/conteudos/estreia-do-filme-a-cruz-de-ferro/
- https://www.facebook.com/872361909520918/posts/o-cine-teatro-lido-projectado-pelo-arquitecto-antero-ferreira-foi-inaugurado-a-2/877899252300517/
- https://www.youtube.com/watch?v=mZq6oaaeDw4
- https://www.youtube.com/watch?v=ZwPkbLgz8Ho
6 comments:
É uma tristeza ver o Lido em ruínas.
Eu acho que a CMA devia adquirir o Lido e restaurá-lo, como fez com o D João V, na Damaia.
Quando fosse o Festival de Banda Desenhada, podiam lá exibir filmes sobre BD, agora que os Super Heróis estão na moda em Hollywood.
Cumprimentos
Álvaro Pereira
Vivi em frente ao cinema e situado na Rua D.Duarte, e não na praça D.Joao I como referem no texto.
Fiz parte do júri dos DJs, o primeiro concurso a nível nacional.
Outros tempos, que saudades.
Hugo Marinho
Fiz parte da mesa dos júris, o primeiro concurso feito a nível nacional.
Bons tempos,muitas saudades.
Obrigado
Hugo Marinho
Tenho uma fotografia com a idade de 5 anos num concurso de mascaras de carnaval, que anualmente tinha lugar no palco do Lido. fiquei em terceiro lugar lembro-me também de dois rapazes que se faziam acompanhar pela sua mae... O Nuno e o Henrique que mais tarde vim a perceber que se tratavam dos irmãos Feist. foram concorrentes assiduos em todas as edições. A minha mãe trabalhou no Lido até se reformar e a minha avó era casada com o guarda do recinto e que viviam dentro do edifício num pequeno apartamento que existia para o efeito e que ficava mesmo junto a cabine de alta tensão. tive um cartão de livre acesso à discoteca que me foi oferecido pelo sr. Ferreira Lopes.
Tempos que já não voltam
Enviar um comentário