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Episódio 2 - Kramer Contra Kramer
O Monumental e o seu nome diz tudo: grandeza, imensidão, colossal...um enorme ponto de referência de Lisboa, mais concretamente na Praça do Saldanha, onde existiu durante largos anos.
Em Maio de 1952, seria inaugurado o Cinema Império, localizado na Alameda D. Afonso Henriques, que contou com as presenças de diversas individualidades importantes da altura.
O novo Éden Teatro foi inaugurado em 1937 com a apresentação da peça "Bocage", interpretada pelo actor Estevão Amarante, numa cerimónia memóravel presidida pelo Chefe de Estado, o Marechal Carmona.
Entre as décadas de 1950 e 1970, este cinema (a par de outros como o Júlio Dinis, Terço, Passos Manuel, etc.) foi considerado como uma das salas de referência da cidade do Porto, tendo sido explorado pela Lusomundo.
Em 1930 viria a inaugurar-se o cinema sonoro com o filme All That Jazz com Al Jolson. O Águia d'Ouro seria então considerada uma das melhores salas do Porto.
Um site que serve para recordar belissimas memórias arquitetónicas e cinematográficas que existiram por esse Portugal fora...
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Continuando pela cidade de Lisboa, chego à Avenida Praia da Vitória, nº 37, junto à Praça do Saldanha, onde ainda se encontra (pelo menos a marquise) o Cine Estudio 222.
Este espaço abriu as suas portas em Agosto de 1979, inserido numa pequena galeria comercial com poucas lojas e em forma de corredor, que dava acesso às escadas que conduziam ao cinema. Mais um exemplo de uma sala de cinema que ficava numa cave de um prédio habitacional, tão em voga na década de 1970. O filme inaugural foi "Uma Razão para Viver" (1978), realizado por Joseph C.Hanwright e interpretado por Burt Young.
Tinha uma particularidade urbana: o painel que se sobressaía da fachada e que divulgava em letras garrafais o seu nome.
Interior da sala (cortesia de David Ferreira no grupo de Facebook "Cinemas do Paraíso") |
Interior da sala (cortesia de David Ferreira no grupo de Facebook "Cinemas do Paraíso") |
Interior da sala (cortesia de David Ferreira no grupo de Facebook "Cinemas do Paraíso") |
Era um espaço de pouca relevância comercial, apesar da sua localização bastante central, devido ao facto de estar muito associado à exibição de filmes de Bollywood durante muitos anos, muito direccionado para um determinado nicho de público.
Quando este espaço surgiu em 1979, funcionou como um cinema normal, e até teve sucessos de exibição, como o filme "Kramer Contra Kramer", que esteve em cartaz neste cinema durante 27 semanas. Contudo, com o aparecimento dos multiplexes, a gerência foi obrigada a criar uma filosofia diferente, porque não dava para competir com as grandes salas. Importava criar uma verdadeira alternativa, de modo a cativar os espectadores.
Para o gerente deste cinema, Dhimante Cundanlal, a sua designação surgiu por acaso, não se sabendo bem como apareceu. Poderia ter alguma conotação com o número de lugares da sala.
Quis diferenciar este cinema de outros, através de ciclos de filmes. Também foram importantes as parcerias estratégicas, nomeadamente a efectuada com a Associação "Zero em Comportamento", responsável pelo bem sucedido IndieLisboa, entre 2001 e 2003. Esta entidade era responsável pela programação da sala nos dias úteis. Esta parceria foi frutifera e este cinema teve lotações esgotadas com os ciclos a cargo desta associação, chegando perto dos 80.000 espectadores.
É de salientar que, à 4ª Feira, eram exibidas curtas metragens.
Com uma comunicação eficaz, que incluía uma apresentação presencial antes do filme se iniciar, e com ciclos temáticos muito originais (que voltaram a exibir filmes que já não era, vistos há muitos anos ou que eram inéditos), esta associação transformou este cinema num local de culto, que captava a atenção de cinéfilos de todas as idades, especialmente os universitários que alargavam o seu conhecimento sobre a história do Cinema. No entanto, a partir de 2003, já era vísivel a degradação desta sala e a vontade desta entidade em procurar outras parcerias e seguir com outros projectos, acabando por sair deste cinema.
A gerência era responsável pela programação ao fim-de-semana, constituída por filmes indianos, na sua versão original e que vinham directamente de Londres. Alguns já tinham legendagem em inglês. Este cinema tentou agregar no mesmo espaço as 3 comunidades indianas que residiam em Lisboa (hindu, muçulmana e ismaelita) e, desde o final da década de 1990 e o início da década de 2000, que funcionou como ponto de encontro e de divugação da cultura indiana. Assim, a gerência poderia comprar os filmes, fazer a sua legendagem e projectá-los para uma sala pública.
Este cinema funcionou, até 2005, quando fechou portas para serem feitas obras na cobertura do telhado, processo que ficou parado (pelo menos até 2012) à espera da decisão do tribunal sobre o apuramento de responsabilidades. Sem estas obras, a C.M.Lisboa não emitiria a licença de utilização do espaço.
Actualmente, quer o cinema, como a galeria comercial encontram-se encerrados (pelo menos, conforme a imagem seguinte).
Fontes:
- SILVA, Ricardo Oliveira (2012) "O Cinema e a Televisão Sob o Signo da Identidade: Bollywood e as Fronteiras da
Modernidade Indiana, na Cidade de Lisboa". Departamento de Antropologia do ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa.
- https://museudoscinemas.wordpress.com/2021/04/05/cine-estudio-222-1978-2003/
- https://www.facebook.com/groups/sala9?locale=pt_PT
- https://www.ruadebaixo.com/cine-estudio-222.html
- https://jornalismoaudiovisual.wordpress.com/2013/02/12/os-cinemas-que-lisboa-nao-ve/estudio-222/
- http://industrias-culturais.blogspot.com/2006/12/os-pequenos-centros-comerciais.html
A Estação Ferroviária do Rossio foi inaugurada em Maio de 1890, começando a funcionar um ano depois, em junho de 1891.
A autoria do projecto desta estação foi de José Luís Monteiro, Mestre de Arquitectura da Escola de Belas Artes de Lisboa. Foi imposto pela Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses, que o edificio fosse uma adaptação de valores nacionais com as produções artísticas oitocentistas. Este projecto, de inspiração neo-manuelina, compreendia uma série de detalhes artísticos que tornaram singular esta estação, nomeadamente: a Torre do Relógio, os arcos das portas centrais, as colunas de iluminação, a cobertura de ferro e a sala do rei.
Em 1958, foram acrescentado, no lado nascente da gare, 13 painéis de azulejos figurativos, concebidos para funcionarem com anúncios publicitários da Exposição do Mundo Português em 1940, criados por Lucien Donnat e Amara. Este mesmo espaço foi classificado pelo IPPAR, como "Imóvel de Interesse Público" em 1971.
Anúncio publicado no "Diário de Lisboa" no dia 19.03.1976 |
Em Dezembro de 1977, foi inaugurado, nos seus pisos intermédios, o Centro Comercial do Rossio, cujo projecto foi da autoria do Arqt.º José Carlos Loureiro. Este espaço era arrojado e inovador para a época, contando com cerca de 100 lojas e cinema.
Anúncio do C.C. Terminal - Diário de Lisboa de 16.12.1977 |
Anúncio do Cine-Estudio Terminal - Diário de Lisboa de 16.12.1977 |
De referir que este cinema exibiu grandes sucessos de bilheteira, como "Kramer Contra Kramer", que esteve em cartaz no mesmo durante 30 semanas em 1980!
Fontes:
- https://www.ocomboio.net/PDF/refer/refer_exporossio_catalogo.pdf
- https://museudoscinemas.wordpress.com/2023/09/28/a-febre-dos-cinemas-estudio/
- https://www.visitarportugal.pt/lisboa/lisboa/santa-maria-maior/estacao-rossio
- http://casacomum.org/cc/visualizador?pasta=06828.178.28017#!19
- https://biclaranja.blogs.sapo.pt/lisboa-com-aquela-luz-1322739
- https://arquivos.rtp.pt/conteudos/encerramento-do-centro-comercial-do-rossio/