Monumental- O "Gigante" dos anos 50

O Monumental e o seu nome diz tudo: grandeza, imensidão, colossal...um enorme ponto de referência de Lisboa, mais concretamente na Praça do Saldanha, onde existiu durante largos anos.

Cinema Império - Outro "Gigante" Lisboeta

Em Maio de 1952, seria inaugurado o Cinema Império, localizado na Alameda D. Afonso Henriques, que contou com as presenças de diversas individualidades importantes da altura.

EDEN - O "GIGANTE" dos Restauradores

O novo Éden Teatro foi inaugurado em 1937 com a apresentação da peça "Bocage", interpretada pelo actor Estevão Amarante, numa cerimónia memóravel presidida pelo Chefe de Estado, o Marechal Carmona.

Cinema Vale Formoso: Para quando a sua reabilitação?

Entre as décadas de 1950 e 1970, este cinema (a par de outros como o Júlio Dinis, Terço, Passos Manuel, etc.) foi considerado como uma das salas de referência da cidade do Porto, tendo sido explorado pela Lusomundo.

Águia De Ouro - Clássico do Porto

Em 1930 viria a inaugurar-se o cinema sonoro com o filme All That Jazz com Al Jolson. O Águia d'Ouro seria então considerada uma das melhores salas do Porto.

31.12.21

Podcast "Cinemas do Paraíso" - Episódio 5: Os Salteadores da Arca Perdida (1981)

Oiçam o quinto episódio dedicado ao grande sucesso de bilheteira de "Os Salteadores da Arca Perdida" entre os portugueses, disponivel no Anchor FM e Spotify.

Espero que seja do vosso agrado!!

https://anchor.fm/cristina-tom/episodes/Episdio-5---Os-Salteadores-da-Arca-Perdida-e1cc4qm

https://open.spotify.com/episode/6pBi53euXSJM9iLf5KIrA0



30.12.21

Cinema Restelo - O cinema da zona residencial de Belém

Continuando por Lisboa, a paragem faz-se em Belém, onde outrora existiram dois cinemas: o Belém Cinema (http://cinemasparaiso.blogspot.com/2015/09/belem-cinema-uma-zona-ligada-ao-cinema.html) e o Cinema Restelo.


O Cinema Restelo localizava-se na Avenida Torre de Belém, entre a zona de Pedrouços e o Bairro Residencial da Encosta da Ajuda. A sua construção teve como ponto de partida o plano urbanistico da Encosta da Ajuda de 1938, da autoria de Faria da Costa, concebido a pretexto da Magna Exposição do Mundo Português, que se iria realizar em 1940.

Este plano pretendia abarcar um conjunto de serviços e zonas, que o tornassem quase autónomo. Entre estas zonas, estava a proposta de construção de um centro cultural, destacando-se com este equipamento dos restantes bairros até à data construídos. Contudo, tal como fora o caso deste e de muitos outros equipamentos que tomaram forma apenas no imaginário de quem os pretendia construir, não foi realizado.

Assim, no local onde seria construído o centro cultural, foi edificado o Cinema Restelo, que abriu as suas portas, em plena época do Carnaval, no dia 26 de fevereiro de 1954, colmatando o vazio deixado pela extinção do Belém Cinema. O filme inaugural foi "O Capote".

Anúncio do filme inaugural

Carlos João Chambers Ramos e Carlos Manuel Ventura de Oliveira Ramos foram os arquitectos responsáveis pelo projecto, encomendado pela Sociedade Cinema Restelo, Lda., e que foi pensado e projectado para satisfazer as necessidades de quem residia neste bairro. Foi traçado segundo linhas simples e modernas que respeitava os alinhamentos do bairro, adequando-se ao local de sua implantação. Isso era perceptível na concepção do edificio, particularmente no traçado  da sua vasta plateia com 844 lugares, que se dividia em dois sectores através de um ligeiro desnível, e do seu pequeno balcão desenhado para 416 espectadores. A 2ª plateia ficava mais próxima do ecrã, possuía cadeiras de pau e os bilhetes eram mais baratos. A 1ª plateia situava-se num nível mais elevado e possuía cadeiras estofadas e bilhetes mais caros. Contudo, os bilhetes mais caros eram do balcão, especialmente as primeiras três filas que eram as mais espaçosas.





Embora tenha sido construído com o intuito de ser frequentado por todos os habitantes da zona, e porque na altura os indicadores sobre as necessidades da população eram intuitivas, a divisão por sectores do espaço interior do cinema não era igualitária, à semelhança do que acontecera com o Cinearte, construído segundo três categorias de lugares na sala, justificando-se que todas as classes sociais do bairro estariam contempladas no seu traçado. Contudo, rapidamente se verificou que este principio estava errado, visto que este cinema seria frequentado pelas classes mais pobres económicamente, em detrimento das classes mais abastadas, que preferiam procurar divertimento fora do bairro.

A imprensa da época elogiou este edificio, sublinhando a sua sobriedade, o seu fácil acesso e perfeito enquadramento no bairro. Também exaltou os amplos foyers e o mural alegórico que acompanhava a escada de acesso ao balcão. Mais tarde, a sala seria identificada pelo seu surpreendente candeeiro de vidrinho que, suspenso do tecto, iluminava o recinto, reflectindo a luz em variados desenhos e cores, entretendo assim o público durante os intervalos das sessões de cinema.


Anúncio de 27.02.1954 do Diário de Lisboa

No final da década de 1950, este cinema era frequentado pela população jovem do bairro, uma faixa etária que ia dos 6 aos 20 anos e que preenchia, com gosto, as matinés infantis como também as noites de sábado, para além dos adultos. A população jovem ia para a plateia (a "geral"), enquanto que os adolescentes ocupavam as filas de trás. 




De acordo com algumas memórias de frequentadores, este cinema exibia ás 3ª, 4ª e 5ª feiras filmes diferentes dos do fim-de-semana. Geralmente, os filmes que estreavam no Cinema São Jorge acabavam por ser exibidos neste cinema. 

Era um cinema de reprise, que possuía um lettering que anunciava a exibição de filmes e suas estreias. Na década de 1970, sofreu obras de remodelação que reduziu a sua lotação para 1052 lugares. Acabou por encerrar em 1989.

Actualmente, no seu lugar encontra-se um moderno edificio que alberga um supermercado "Pingo Doce", uma filial da Padaria Portuguesa e a Entidade Reguladora de Serviços Energéticos.


Fontes: 

ACCIAIUOLI, Margarida, Os Cinemas de Lisboa – Um fenómeno urbano do século XX, Lisboa, Editorial Bizâncio, 2012

- ABECASSIS, Helena e GUERREIRO, Miguel. Pares e Ímpares - Memórias de um Bairro (1953-2013). Lisboa, Sitio do Livro, Lda., 2013

- FERREIRA, Matilde Ferraz Leal César. O Imaginário e a Imagem da Avenida da Liberdade. Lisboa, FAUL, 2015

https://restosdecoleccao.blogspot.com/2016/05/cinema-restelo.html

https://www.facebook.com/groups/116519358326/

- http://casacomum.org/cc/visualizador?pasta=06522.060.14006

18.11.21

Podcast "Cinemas do Paraíso" - Episódio 4: Vitória em Entebbe (1976)

 Olá a todos!


Oiçam o quarto episódio dedicado ao ataque bombista perpetuado no Cinema Berna em 1977, graças à exibição do filme "Vitória em Entebbe".


Espero que seja do vosso agrado!!


https://anchor.fm/cristina-tom/episodes/Episdio-4---Vitria-em-Entebbe-e1ag59j

https://open.spotify.com/episode/6SH7DLPUF54W1xo0GKbLkQ

3.11.21

Podcast "Cinemas do Paraíso" - Episódio 3: A Guerra das Estrelas (1977)

Olá a todos!


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Oiçam o terceiro episódio dedicado ao filme "A Guerra das Estrelas".


Espero que seja do vosso agrado!!


https://anchor.fm/cristina-tom/episodes/Episdio-3---A-Guerra-das-Estrelas-e192vg5


8.10.21

Podcast "Cinemas do Paraíso" - Episódio 2: Kramer Contra Kramer (1979)

 Olá a todos!


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Oiçam o segundo episódio dedicado ao sucesso de bilheteira de "Kramer Contra Kramer" em Lisboa e no Porto. 


Espero que seja do vosso agrado!!


Episódio 2 - Kramer Contra Kramer


Podcast "Cinemas do Paraíso" - Episódio 1: Música no Coração (1965)

Olá a todos!


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Oiçam o primeiro episódio dedicado ao sucesso de bilheteira de "Música no Coração" em Lisboa. 

Espero que seja do vosso agrado!!


 Episódio 1 - Música no Coração

5.10.21

Cine-Estudio 222 - Catedral do Cinema Independente

Continuando pela cidade de Lisboa, chego à Avenida Praia da Vitória, nº 37, junto à Praça do Saldanha, onde ainda se encontra (pelo menos a marquise) o Cine Estudio 222.

Este espaço abriu as suas portas em Agosto de 1979, inserido numa pequena galeria comercial com poucas lojas e em forma de corredor, que dava acesso às escadas que conduziam ao cinema. Mais um exemplo de uma sala de cinema que ficava numa cave de um prédio habitacional, tão em voga na década de 1970. O filme inaugural foi "Uma Razão para Viver" (1978), realizado por Joseph C.Hanwright e interpretado por Burt Young.

Tinha uma particularidade urbana: o painel que se sobressaía da fachada e que divulgava em letras garrafais o seu nome.



Interior da sala (cortesia de David Ferreira no grupo de Facebook "Cinemas do Paraíso")

Interior da sala (cortesia de David Ferreira no grupo de Facebook "Cinemas do Paraíso")

Interior da sala (cortesia de David Ferreira no grupo de Facebook "Cinemas do Paraíso")



Era um espaço de pouca relevância comercial, apesar da sua localização bastante central, devido ao facto de estar muito associado à exibição de filmes de Bollywood durante muitos anos, muito direccionado para um determinado nicho de público.

Quando este espaço surgiu em 1979, funcionou como um cinema normal, e até teve sucessos de exibição, como o filme "Kramer Contra Kramer", que esteve em cartaz neste cinema durante 27 semanas. Contudo, com o aparecimento dos multiplexes, a gerência foi obrigada a criar uma filosofia diferente, porque não dava para competir com as grandes salas. Importava criar uma verdadeira alternativa, de modo a cativar os espectadores.

Para o gerente deste cinema, Dhimante Cundanlal, a sua designação surgiu por acaso, não se sabendo bem como apareceu. Poderia ter alguma conotação com o número de lugares da sala. 

Quis diferenciar este cinema de outros, através de ciclos de filmes. Também foram importantes as parcerias estratégicas, nomeadamente a efectuada com a Associação "Zero em Comportamento", responsável pelo bem sucedido IndieLisboa, entre 2001 e 2003. Esta entidade era responsável pela programação da sala nos dias úteis. Esta parceria foi frutifera e este cinema teve lotações esgotadas com os ciclos a cargo desta associação, chegando perto dos 80.000 espectadores. 

É de salientar que, à 4ª Feira, eram exibidas curtas metragens.

Com uma comunicação eficaz, que incluía uma apresentação presencial antes do filme se iniciar, e com ciclos temáticos muito originais (que voltaram a exibir filmes que já não era, vistos há muitos anos ou que eram inéditos), esta associação transformou este cinema num local de culto, que captava a atenção de cinéfilos de todas as idades, especialmente os universitários que alargavam o seu conhecimento sobre a história do Cinema. No entanto, a partir de 2003, já era vísivel a degradação desta sala e a vontade desta entidade em procurar outras parcerias e seguir com outros projectos, acabando por sair deste cinema.

A gerência era responsável pela programação ao fim-de-semana, constituída por filmes indianos, na sua versão original e que vinham directamente de Londres. Alguns já tinham legendagem em inglês. Este cinema tentou agregar no mesmo espaço as 3 comunidades indianas que residiam em Lisboa (hindu, muçulmana e ismaelita) e, desde o final da década de 1990 e o início da década de 2000, que funcionou como ponto de encontro e de divugação da cultura indiana. Assim, a gerência poderia comprar os filmes, fazer a sua legendagem e projectá-los para uma sala pública.

Este cinema funcionou, até 2005, quando fechou portas para serem feitas obras na cobertura do telhado, processo que ficou parado (pelo menos até 2012) à espera da decisão do tribunal sobre o apuramento de responsabilidades. Sem estas obras, a C.M.Lisboa não emitiria a licença de utilização do espaço. 

Actualmente, quer o cinema, como a galeria comercial encontram-se encerrados (pelo menos, conforme a imagem seguinte).


Fontes:

- SILVA, Ricardo Oliveira (2012) "O Cinema e a Televisão Sob o Signo da Identidade: Bollywood e as Fronteiras da

Modernidade Indiana, na Cidade de Lisboa". Departamento de Antropologia do ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa.

- https://museudoscinemas.wordpress.com/2021/04/05/cine-estudio-222-1978-2003/

- https://www.facebook.com/groups/sala9?locale=pt_PT

- https://www.ruadebaixo.com/cine-estudio-222.html

- https://jornalismoaudiovisual.wordpress.com/2013/02/12/os-cinemas-que-lisboa-nao-ve/estudio-222/

- http://industrias-culturais.blogspot.com/2006/12/os-pequenos-centros-comerciais.html

Cine-Estudio Terminal - O cinema da estação de comboio do Rossio

A Estação Ferroviária do Rossio foi inaugurada em Maio de 1890, começando a funcionar um ano depois, em junho de 1891.

A autoria do projecto desta estação foi de José Luís Monteiro, Mestre de Arquitectura da Escola de Belas Artes de Lisboa. Foi imposto pela Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses, que o edificio fosse uma adaptação de valores nacionais com as produções artísticas oitocentistas. Este projecto, de inspiração neo-manuelina, compreendia uma série de detalhes artísticos que tornaram singular esta estação, nomeadamente: a Torre do Relógio, os arcos  das portas centrais, as colunas de iluminação, a cobertura de ferro e a sala do rei.


Ao longo de 130 anos, este espaço foi sofrendo alterações, algumas visando adequar o serviço ferroviário às novas tecnologias, outras adaptando-o às novas solicitações. Na década de 1940, perante o desajustamento entre a solene fachada e as exíguas instalações interiores, esta estação foi remodelada, através de um projecto do Arqt.º Cottinelli Telmo (o realizador do filme "Canção de Lisboa"), que modificou o átrio, as bilheteiras e os acessos aos cais.

Em 1958, foram acrescentado, no lado nascente da gare, 13 painéis de azulejos figurativos, concebidos para funcionarem com anúncios publicitários da Exposição do Mundo Português em 1940, criados por Lucien Donnat e Amara. Este mesmo espaço foi classificado pelo IPPAR, como "Imóvel de Interesse Público" em 1971.

Anúncio publicado no "Diário de Lisboa" no dia 19.03.1976

Em Dezembro de 1977, foi inaugurado, nos seus pisos intermédios, o Centro Comercial do Rossio, cujo projecto foi da autoria do Arqt.º José Carlos Loureiro. Este espaço era arrojado e inovador para a época, contando com cerca de 100 lojas e cinema.

Anúncio do C.C. Terminal - Diário de Lisboa de 16.12.1977

E agora, chegamos ao que mais interessa... ao cinema que estava inserido neste centro comercial. Chamava-se Cine-Estudio Terminal e teve algum sucesso durante as décadas de 1970 e 1980, tendo encerrado as portas em 1990, devido ao declínio generalizado de público nos cinemas da capital.

Anúncio do Cine-Estudio Terminal - Diário de Lisboa de 16.12.1977

De acordo com o defunto matutino "Diário de Lisboa", este cinema possuía uma sala simpática, acolhedora, sobriamente decorada e com 295 cadeiras muito cómodas, distribuídas por filas em degraus. O filme inaugural deste cinema foi "Um Cádaver de Sobremesa" (1976), realizado por Robert Moore e interpretado por Peter Falk (o eterno Detetive Colombo), Peter Sellers e Alec Guiness. Inicialmente, este cinema teve 7 sessões diárias, a começar às 10:00h e a terminar às 24:00h. O sistema de projecção, completamente automático, era fornecido pela Phillips. O mesmo jornal referiu: "(...) Uma nova sala de cinema que vem confirmar a expansão de um novo grupo exibidor com capitais, ao que dizem, moçambicanos. Depois do ABCine, aquele grupo adquiriu a Astória Filmes, alugou o Mundial e o Alvalade e abriu, agora, o Terminal".

De referir que este cinema exibiu grandes sucessos de bilheteira, como "Kramer Contra Kramer", que esteve em cartaz no mesmo durante 30 semanas em 1980!






Infelizmente, este cinema acabou por encerrar portas, devido à baixa afluência do público aos cinemas lisboetas, seguindo os passos de outros que desapareceram na mesma altura (Eden, Estúdio 444, etc.). De acordo com o blogue "Museu dos Cinemas", este cinema, no final da sua existência, foi dividido em duas salas. Com esta divisão, tentou-se melhorar a sua rentabilidade, mas sem sucesso, já que as salas encerraram pouco tempo depois. O próprio Centro Comercial viria a encerrar em 1994, quando a estação foi novamente remodelada.






Fontes:

- https://www.ocomboio.net/PDF/refer/refer_exporossio_catalogo.pdf

- https://museudoscinemas.wordpress.com/2023/09/28/a-febre-dos-cinemas-estudio/

- https://www.visitarportugal.pt/lisboa/lisboa/santa-maria-maior/estacao-rossio

- http://casacomum.org/cc/visualizador?pasta=06828.178.28017#!19

- https://biclaranja.blogs.sapo.pt/lisboa-com-aquela-luz-1322739

- https://arquivos.rtp.pt/conteudos/encerramento-do-centro-comercial-do-rossio/

17.9.21

Cinema do Terço - o cinema como serviço social

De regresso à cidade do Porto, este texto será dedicado a um cinema que existiu numa instituição dedicada a ajudar jovens carenciados.

O Instituto Profissional do Terço foi fundado em 1891, nas instalações da Irmandade de Nossa Senhora do Terço e Caridade. Assistiram a esta cerimónia, o Rei D. Carlos e a Rainha Dª. Amélia. Na altura um Asilo-Escola, esta instituição associava à instrução a aprendizagem de um ofício, acolhendo assim crianças e jovens que mendigavam pela cidade.

Esta instituição teria diversas instalações, até se instalar definitivamente na Praça Marquês de Pombal, em 1919.


Este imóvel seria adquirido em Maio de 1932, por iniciativa do Director-Interno, Florentino Borges, que conseguiu a quantia de 350 contos para o efeito. Este lucro foi obtido através de quermesses realizadas no Jardim da Praça Marquês de Pombal.

Em 1935, foi inaugurado um pavilhão, anexo ao edificio principal, com cerca de 80 metros de comprimento, onde foram instalados os dormitórios, oficinas, salões de convívio, refeitório e cozinha. Posteriormente, foi instalada uma escola primária frequentada pelas crianças da cidade, algumas delas viriam a integrar, mais tarde, os corpos sociais do Instituto.

Em 1965, e para ajudar a arrecadar receitas para a instituição, foi inaugurado o Cinema do Terço, no anexo do edificio principal. Inicialmente, funcionava ao ar livre no Verão. Mas, com a grande afluência do público e as verbas recolhidas pela instituição, o cinema tornou-se numa sala coberta com 700 lugares. Este cinema foi, durante várias décadas, o principal suporte financeiro do Instituto, que também recolhia donativos e apoios de particulares. 




Este cinema viria a encerrar em 2003 e, posteriormente, foi demolido em 2010 para dar lugar a um pavilhão polidesportivo e um parque de estacionamento.

Em 2003, Mário Dorminsky afirmou numa entrevista que “assistir a um filme e namoriscar, no intervalo, no jardim do Terço, era tão natural como ir beber um café ao ‘Pereira’ e passear no jardim do Marquês”. 


Fontes:

- http://cinemaaoscopos.blogspot.com/2013/03/cinema-do-terco-porto.html

- https://www.jpn.up.pt/2013/05/19/porto-era-uma-vez-um-cinema/

- https://www.publico.pt/2009/01/06/jornal/parque-de-estacionamento-e-pavilhao--desportivo-vao-substituir-cinema-do-terco-290328

- https://www.facebook.com/media/set/?vanity=276326519430448&set=a.357042654692167

- http://monumentosdesaparecidos.blogspot.com/2013/05/instituto-profissional-do-terco-ou.html

- https://porto.taf.net/dp/htmlnode/4855.htm

- https://www.portosecretspots.com/post/historia-pra%C3%A7a-marqu%C3%AAs




24.8.21

Cinemas do Paraíso: Viseu

Depois de uma magnifica viagem a Viseu, a cidade-jardim, vou falar-vos dos antigos e actuais cinemas desta bela cidade.

De acordo com o site "Cinema Ícaro", o cinema iniciou-se com o grito de Viriato e acabou com a queda de Ícaro.

A experiência cinematográfica chegou a Viseu em Fevereiro de 1897, onde a primeira sessão de cinema foi exibida no Teatro Boa União (atual Teatro Viriato), pelas mãos do Sr. Luciano. Era um homem dinâmico e empreendedor, possuídor de uma cervejaria mesmo em frente ao teatro, que se designava de "Cervejaria Cinema". Esta projecção ocorreu quatro meses depois de ter sido feita na cidade do Porto.

A origem deste teatro remonta a 1879, quando a "Sociedade Filarmónica Viseense Boa União" resolveu comprar um terreno por um conto e duzentos mil reis. O restante processo desenvolveu-se a muito custo, recorrendo-se ao apoio de alguns proprietários locais, tendo os trabalhos sido suspensos por falta de dinheiro. Apesar das inúmeras dificuldades financeiras, com a necessidade de recorrer ao empréstimos bancários, foi possível concluir a obra.
A sua inauguração ocorreu a 13 de junho de 1883, sendo que o seu programa foi inserido nas Festas da Cidade, como ponto alto da programação. Os espectáculos de estreia foram da responsabilidade da Companhia de Teatro António Pedro.


Em 1898, este edifício ganhou a designação de Teatro Viriato. A partir de 1912, as grandes companhias nacionais e estrangeiras teatrais sairam de cena, para dar lugar ao ecrã do animatógrafo. O cinema ocupa a maior parte dos programas deste teatro, com grande afluência por parte dos viseenses. Em 1914, começa a ser explorado por duas empresas: uma promove os espectáculos cinematográficos e a outra os teatrais. Outras actividades, como o Circo, começam a perder espaço.

Com o aparecimento de outras salas concorrentes, este espaço começou a perder público e encerrou portas em 1960. Durante a década de 1960, chegou a transformar-se num armazém de mercearia.



Em 1985, este teatro volta a abrir as portas, numa tentativa de mostrar o que restava da sala de espectáculos. Por um breve tempo, conseguiu reviver a glória dos seus tempos aúreos, graças ao encenador Ricardo Pais e às sucessivas propostas da Área Urbana - Núcleo de Acção Cultural, para reabilitar a unica sala de teatro de Viseu.

Entre 1986 e 1996, assistiu-se à completa recuperação deste teatro, apesar das inúmeras dificuldades de gestão de obra,  e graças ao intenso e contínuo esforço financeiro da C.M. Viseu, em parceria com outras instituições financiadoras.

A 8 de maio, o novo Teatro Viriato foi inaugurado, albergando o Centro de Artes do Espectáculo de Viseu, estando aberto até à actualidade. É uma sala de espectáculos com cena à italiana: palco fixo central, plateia, camarotes, frisas e regie. Possui 6 pisos e localiza-se no Largo Mouzinho de Albuquerque.










A 17 de Setembro de 1921, seria inaugurado o Avenida Teatro, localizado na mesma rua que o Teatro Viriato. Dispunha de 2000 lugares com 2 andares, camarotes e jardins exteriores, sendo considerado um dos melhores teatros da época. O espectáculo inaugural foi "Entre Giestas", da Companhia Amélia Rey Colaço e Robles Monteiro. Os espectáculos integrados nas Festas da Cidade de 1926 já se realizavam, exclusivamente, neste teatro. Apesar de exibir espectáculos de taeatro, música e bailado, o cinema é que preenchia a grande parte dos seus cartazes. Contudo, acabou por encerrar em 1961 e foi demolido em 1971.





A partir da década de 1960, Viseu passou a ter somente uma sala de espectáculo ativa, o Cine Rossio. Localizado nas traseiras da Câmara Municipal (na Praça do Rossio), iniciou as suas actividades em Julho de 1952. O filme inaugural foi "O Preço da Juventude" de Réne Clair (1950).
O edifício dispunha de 3 pisos e, dizia-se, tinha sido construído para albergar uma garagem. O piso -1, ao nível do actual Mercado, era um Salão de eventos onde se realizavam os bailes de Finalistas.
No piso 0, situava-se a sala de cinema em anfiteatro, com um palco com boca de cena a toda a largura da sala, mas com uma pequena profundidade de cerca de 2,5 metros, o que era uma grande limitação para outros espectáculos, com uns camarins rudimentares. Possuía 2ª e 1ª Plateias, e ao fundo da sala, um conjunto de 12 Frisas de 6 lugares extensíveis a 8. 
No Piso 1, situava-se o Bar e a Cabine de Projecção. O cinema decorria à 3ª feira, (normalmente com filmes de cowboys ou  de pancadaria), 5ª feira, Sábado e Domingo.


Este espaço recebeu a primeira de muitas sessões do Cine Clube de Viseu (fundado em 1955).

Embora com grandes limitações de área de palco, também se realizaram alguns espectáculos no Salão de Cinema. Por ali passaram, a Escola de Acórdeãos de Mário Costa, Carlos do Carmo, o Conjunto Académico João Paulo, Tonicha, entre outros.

Acompanhando o sucesso crescente da música ligeira da década de 1960, surgiram muitos filmes musicais. E nos Cinemas começou a moda de, aos intervalos da projecção destes filmes, actuarem os novos conjuntos Pop, o que também aconteceu neste espaço, nos anos de 1965 e 1966, onde actuaram diversos grupos musicais, como "Os Tubarões".



Este cinema encerrou em meados de 1983, tendo sido demolido em 1994.


A 22 de novembro de 1982, foi inaugurado o Cinema São Mateus. Localizado na Rua Alexandre Herculano,  foi uma sala moderna para a época, com som, imagem e conforto de qualidade (com capacidade para 276 lugares), tendo sido muito bem recebida pela população da cidade. A qualidade da sala e da programação fizeram do São Mateus uma das mais respeitadas salas de cinema do país. O seu proprietário foi João Figueiredo da Silva.


Contudo, este cinema acabou por encerrar as portas em Agosto de 2005, devido à falta de público e concorrência imposta pelas salas do Fórum Viseu e do Palácio do Gelo. O último filme que exibiu foi "Um Amor em África" de John Boorman.

O Cineclube de Viseu mostrou interesse em este cinema depois do seu encerramento, mas a hipótese era tão dispendiosa, tornando-se praticamente inviável. O espaço foi vendido para património, tendo sido comprado pela Farmácia Oliveira.


O proprietário do Cinema São Mateus inaugurou outra sala de cinema, na mesma rua, com a designação de Cinema Ícaro. Situado nas Galerias com o mesmo nome, foi o primeiro cinema em Viseu a ser integrado num centro comercial. O filme inaugural foi "Quando o Céu e a Terra Mudaram de Lugar" de Oliver Stone. Esta sala podia albergar 172 pessoas.

Infelizmente, este cinema encerrou portas em 2005, meses antes do encerramento do Cinema São Mateus. O último filme que exibiu foi "O Aviador" de Martin Scorsese.

Em Maio de 2018, este cinema recebeu o Desobedoc - Mostra de Cinema Insubmisso durante cinco dias. Neste mesmo ano, um grupo de cidadãos e comerciantes lançou uma petição para a sua reabertura, afirmando a sua relevância para os Viseenses, através de uma nova programação mais direccionada para o cinema independente e alternativo, exibição de clássicos do cinema mundial, realização de festivais, mostras de cinema e criação de eventos de natureza cultural e cinematográfica. Desde então, 1201 pessoas já assinaram esta petição.




Actualmente, Viseu dispõe de dois multiplex geridos pela NOS Audivisuais, em dois centros comerciais: Fórum Viseu com 6 salas e o Palácio de Gelo com 10 salas. A programação nestas salas é comercial, não reflectindo o panorama mundial da produção cinematográfica.




Fontes:
- https://www.teatroviriato.com/
- https://cinemaicaro.pt/historia-dos-cinemas-em-viseu/
- https://porviseu.blogs.sapo.pt/15446.html
- https://cineclubeviseu.pt/O-CINE-CLUBE-DE-VISEU
- https://shifter.sapo.pt/2018/07/cinema-icaro-viseu/
- https://ostubaroesviseu.blogs.sapo.pt/8435.html
- https://ostubaroesviseu.blogs.sapo.pt/7837.html
- http://antonio-rocha.blogspot.com/2008/04/blog-post.html
- https://www.jn.pt/arquivo/2005/cinema-s-mateus-vai-fechar-portas-505920.html
- https://vistacurta.pt/argumento/Argumento22.pdf/*