Monumental- O "Gigante" dos anos 50

O Monumental e o seu nome diz tudo: grandeza, imensidão, colossal...um enorme ponto de referência de Lisboa, mais concretamente na Praça do Saldanha, onde existiu durante largos anos.

Cinema Império - Outro "Gigante" Lisboeta

Em Maio de 1952, seria inaugurado o Cinema Império, localizado na Alameda D. Afonso Henriques, que contou com as presenças de diversas individualidades importantes da altura.

EDEN - O "GIGANTE" dos Restauradores

O novo Éden Teatro foi inaugurado em 1937 com a apresentação da peça "Bocage", interpretada pelo actor Estevão Amarante, numa cerimónia memóravel presidida pelo Chefe de Estado, o Marechal Carmona.

Cinema Vale Formoso: Para quando a sua reabilitação?

Entre as décadas de 1950 e 1970, este cinema (a par de outros como o Júlio Dinis, Terço, Passos Manuel, etc.) foi considerado como uma das salas de referência da cidade do Porto, tendo sido explorado pela Lusomundo.

Águia De Ouro - Clássico do Porto

Em 1930 viria a inaugurar-se o cinema sonoro com o filme All That Jazz com Al Jolson. O Águia d'Ouro seria então considerada uma das melhores salas do Porto.

17.3.13

Cinemas do Paraíso: Évora

Depois de uma bela visita ao Norte do país, regresso ao Sul e rumo ao Alentejo até à cidade de Évora, para falar de mais uma belíssima pérola arquitectónica de seu nome Salão Central Eborense, que ainda permanece de pé actualmente .


Este espaço iniciou funções como animatógrafo em 1916, resultante de uma adaptação de um barracão anexo ao Hotel Eborense feita pelo seu proprietário José Augusto Annes.
Compunha-se por quatro pisos integrando um restaurante e salas de recreio, conseguindo acomodar perto de 784 espectadores distribuídos por: 308 lugares na plateia, 264 lugares na geral e 212 lugares nas frisas e sendo servido por energia eléctrica produzida a partir do gerador próprio. 






Em 1922, esta sala de espectáculos foi remodelada através de um projecto provavelmente da autoria de José Oreiro Teixeira, para poder receber companhias e artistas para além das sessões de cinema. Em 1923, este espaço reabre as portas como cine-teatro e em 1931 estreia o cinema sonoro.
Em 1943, e tendo como proprietária Dª Judite Sanches de Miranda, o Salão Central Eborense sofreu obras devido ao chumbo numa vistoria em 1934, e como era a única sala de cinema da cidade alentejana decidiu-se avançar com novas obras de melhoramento das instalações, proporcionando assim comodidade e segurança aos espectadores, tendo sido escolhido o Arqt.º Francisco Keil de Amaral, responsável pelo projecto de arquitectura da presença portuguesa na Exposição Internacional de Paris em 1937. A nova sala seria inaugurada em 1945.




No entanto é de ressalvar que já existia em Évora um outro espaço de exibição de filmes, mas ao ar livre. Chamava-se Éden Esplanada e, durante quarenta anos, foi o único cinema ao ar livre desta cidade ocupando o lugar do demolido Convento de Santa Catarina. 



O projecto da renovação do Salão Central Eborense incidiu sobretudo no seu interior, constituído por um foyer, dois átrios e necessárias instalações técnicas (projecção) e de serviço (sanitários); o palco, no que concerne à edificação anterior, transitou do extremo nascente para poente; no entanto a profundidade do palco era exígua reduzindo a sua utilização para o teatro. A lotação é diminuída para 548 lugares distribuídos por: 324 lugares na plateia, 214 lugares no balcão e 10 lugares nas frisas.
Em 1945 estreia nesta sala o filme Sonho de Amor do realizador Carlos Porfírio que só viria a estrear em Lisboa em 1948.



Nos anos seguintes, a afluência aos espectáculos cinematográficos deste espaço começou a decair devido ao aparecimento da televisão que se tornava cada vez mais acessível a toda a população. O aparecimento do Cinema Alfa em Évora nos anos 80, um espaço mais confortável e com uma melhor qualidade de filmes e imagem, como também o aparecimento dos video-clubes aumentaram as dificuldades de manutenção deste salão que, na sua derradeira despedida já exibia filmes pornográficos. Em 1988 e com muitas dificuldades, acabou por encerrar definitivamente a sua actividade cinematográfica. 
Houve tentativas de reavivar este espaço nos anos seguintes com a Empresa "Manuel Themudo Baptista" a arrendá-lo com o consentimento da C.M. Évora a outras entidades como uma rádio local, uma seita religiosa, etc. Em 1996, a Autarquia comprou o imóvel mas, desde essa altura, o edifício tem vindo a deteriorar-se devido à falta de verbas que permitiriam a recuperação do espaço.
Em 2009 foi anunciado um projecto de requalificação do Salão Central Eborense num acto simbólico onde foi constituída a Évora Regis, SA, empresa estabelecida, com a Câmara Municipal de Évora, no âmbito de uma parceria público-privada.
O objectivo desta PPP incluía a concepção, implementação, desenvolvimento, construção, instalação, equipamento, conservação e manutenção deste espaço da cidade alentejana. Com o prazo previsto de um ano, a parceria visava requalificar o Salão Central Eborense, mantendo a traça original.
No entanto, passado quase quatro anos, o edifício continua a degradar-se em pleno Centro Histórico de Évora.





Fonte:
http://viverevora.blogspot.pt/2012/08/a-historia-do-salao-central-eborense.html
http://restosdecoleccao.blogspot.pt/2012/06/salao-central-eborense.html
http://acincotons.blogspot.pt/2011/11/breve-resenha-historica-sobre-o-salao.html

16.3.13

Coliseu do Porto - O gigante da Invicta

Depois de um fim-de-semana passado na belíssima cidade do Porto, resolvi escrever sobre um dos mais belos e gigantescos cinemas portuenses, de seu nome Coliseu.

O Coliseu do Porto nasceu das cinzas do Salão Jardim Passos Manuel que surgiu em 1908, tendo suscitado de imediato um enorme interesse e curiosidade, tornando-se no ponto de encontro dos portuenses da época.
E todo este frenesim era causado pela sua elegância e modernidade baseadas nos jardins parisienses da época, como também por proporcionar ao público diversos entretenimentos como café-concerto, music-hall, esplanada e cinematógrafo. Em poucos anos transformou-se na mais famosa casa de espectáculos do Porto.

 



Em 1911, este espaço foi renovado e ampliado passando a incluir jardim esplanada, salão de  festas, pavilhão restaurante, hall e um pequeno teatro. Também se comprovou a existência de uma orquestra e dois sextetos através da descoberta de mais de 2000 partituras com o carimbo do Arquivo Musical do Jardim Passos Manuel, o que revela a importância e a popularidade que o espaço tivera noutros tempos.







No final da década de 1920, este salão renovou-se. Abria as portas ao fim da tarde como café concerto, para logo a seguir iniciar as sessões de cinema. No Verão havia exibições ao ar livre no jardim. Contudo, a diversão começava depois da meia-noite quando se iniciava o music-hall, dirigido ao público masculino de todas as idades e extractos sociais, atraído pela sedução das danças das coristas e pelo salero e sapateado das espanholas.

Resumindo, este espaço era polivalente acolhendo sucessos do cinematógrafo, saraus, reuniões culturais e conferências. Mais do que ser um mero espaço de diversão, este salão marcou uma época, sendo um pólo de animação cultural e recreativa, dinamizando a cidade com espectáculos e atracções de todo o tipo, trazendo grandes nomes da música e do espectáculo ao Porto. 



Contudo, no final da década de 1930 a sua actividade começou a decair devido ao aparecimento da rádio, indústria fonográfica e os salões de baile. 
O desaparecimento deste salão deu origem ao colossal Coliseu, cujos primeiros esboços datam de 1911. Ao primeiro impulsionador do projecto, João José da Silva, juntaram-se outros notáveis portuenses como Raul Marques, Adélio Vaz, Conde da Covilhã e Joaquim José de Carvalho.







Numa época onde a conjuntura mundial era extremamente insegura, o projecto de construção do Coliseu avançou, tendo custado 11 mil contos que na altura poderia ser considerado de elevado custo. Em 1937, surgem os primeiros desenhos do edifício pelo arquitecto José Porto, que rapidamente abandonou o projecto. Seguem-se mais arquitectos como Yan Wills e Júlio de Brito que tiveram uma breve participação no projecto, mas foi Cassiano Branco que assumiu o cargo de arquitecto dirigente, contando com a colaboração de Júlio de Brito, com quem viria a entrar em conflito mais tarde.

Não se sabe muito bem quem foi responsável pelo design de interiores deste espaço. Charles Cicles, autor de diversos teatros de Paris, elaborou desenhos para o projecto mas, aparentemente, só foram aproveitados os candeeiros e as portas. Seguiu-se Mário Abreu que projectou o interior e alterou a sala principal, as escadarias e a torre de fachada (que deveria ser envidraçada), como também eliminou o néon verde, vermelho e branco que acompanharia todo o edifício. 

Apesar de todos os problemas que iam surgindo com a troca de arquitectos, engenheiros e empreiteiros, o Coliseu do Porto foi concluído em 1941 tornando-se rapidamente numa referência arquitectónica devido ao seu estilo moderno e vanguardista, marcando indelevelmente a cidade e a população portuense.


A 19 de Dezembro de 1941, o Coliseu (propriedade da "Companhia de Seguros Garantia", fundada em 1853) foi inaugurado com pompa e circunstancia  como também com todo o patriotismo inerente ao Estado Novo. Foi um grande acontecimento cultural e social da cidade, com a presença das personalidades da época num ambiente sofisticado e de grande elegância. A cidade do Porto passou a ter à sua disposição um espaço colossal e dotado de todos os luxos modernos e que era dedicado à arte e cultura.

A sala principal podia albergar inicialmente 3300 lugares sentados, distribuídos pela plateia, tribunas, camarotes, frisas, galeria reservada e geral.














Durante várias décadas, este espaço proporcionou aos portuenses todo o tipo de espectáculos como: ópera, dança, música clássica, música ligeira e popular, espectáculos de variedades, musicais, circo, festas de carnaval, cinema, saraus e congressos.




 






O  ano de 1995 foi o mais decisivo de toda a história do Coliseu do Porto, quando a Empresa Artística S.A., pertencente ao Grupo Aliança (então proprietária do Coliseu), apresentou um requerimento na C.M. Porto a solicitar o alargamento das atividades deste espaço a conferências, festas, palestras, sermões, culto religioso e actividades de acção social que permitiriam a alienação deste espaço à Igreja Universal de Deus (IURD). Escusado será dizer que a polémica se iniciou...

A noticia da possibilidade do Coliseu passar para as mãos da IURD espalhou-se, fazendo com que os portuenses reagissem  com uma manifestação às portas do cinema. Um mar de gente encheu a Rua Passos Manuel, numa manifestação espontânea com uma grandiosidade sem precedentes na cidade do Porto, surpreendendo o país inteiro. Aos populares juntaram-se intelectuais, políticos, artistas e instituições e todos juntos lutaram contra o fim anunciado do Coliseu, enquanto espaço e símbolo cultural da cidade.





Para recolher fundos para a compra do Coliseu, foi feito o espectáculo “Todos pelo Coliseu”, onde a adesão foi enorme, tanto por parte do público, como por parte dos muitos artistas que actuaram gratuitamente. Foi um espectáculo apoteótico, que demonstrou o carinho e orgulho que os portuenses nutrem pelo Coliseu.

Neste espectáculo surgiram os primeiros sócios-fundadores da Associação dos Amigos do Coliseu do Porto (AACP), uma associação sem fins lucrativos, criada para assegurar o funcionamento e a gestão do Coliseu enquanto equipamento cultural de grande relevância para a cidade. E, em poucos meses, o seu número ultrapassaria os 5.000 afiliados.
Foram todos estes Amigos do Coliseu que garantiram que esta sala de espectáculos emblemática se mantivesse como um espaço aberto à cultura, como também servisse a cidade do Porto com os seus espectáculos.




Em 1996 todas as atenções estavam viradas para a modelo Claudia Schiffer, principal atracção do desfile de moda Portugal Fashion 96, que teve lugar no Coliseu do Porto. Nas horas seguintes deflagrou um incêndio que iria destruir completamente a caixa de palco, provocando graves estragos na sala principal e nos camarins. Não se sabe o que originou o incêndio, mas as suas consequências foram gravosas originando horas de choque e consternação entre os amantes do Coliseu.
Mais uma vez a solidariedade mostrou-se quer por parte das instituições (Governo, Presidente da República, C.M.Porto), como também de empresas e particulares que contribuíram com apoio financeiro e materiais para a reconstrução.

No final do mesmo ano, numa recuperação surpreendente, o Coliseu reabriu as portas com o tradicional espectáculo do Circo de Natal, renascendo das cinzas para o agrado de todos.
Contudo, só em 1998 é que a sala estaria totalmente recuperada, reabrindo ao público com a ópera "Carmen" de Bizet, numa co-produção entre a Associação Amigos do Coliseu do Porto, o Círculo Portuense de Ópera e a Orquestra Nacional do Porto.

As obras de recuperação, iniciadas logo após o incêndio que deflagrou em Setembro de 1996, vieram revelar algumas falhas e graves deficiências nas infra-estruturas, procedendo-se a uma profunda remodelação do edifício, preservando ao máximo a sua traça e características originais.





Modernizaram-se os equipamentos e as tecnologias, passando o Coliseu do Porto a reunir todas as condições para receber todo o tipo de espectáculos, incluindo os de grande dimensão. Estas remodelações tornaram o Coliseu numa sala polivalente, bem apetrechada e grandiosa, que permitiram um novo fôlego e reforçaram a programação artística, recuperando audiências e voltando aos seus momentos áureos.
Em 2001, ano em que o Porto foi Capital Europeia da Cultura, o Coliseu consagrou-se definitivamente como património cultural por excelência,  ao receber os grandes espectáculos integrados nestas comemorações.








Actualmente, este espaço é constituído por um Salão Jardim, um espaço agradável e intimista ao nível da plateia, caracterizado por uma decoração sóbria e distinta e que pode acomodar 150 pessoas. Vocacionado para albergar exposições, reuniões, seminários e apresentação de produtos, o Salão Jardim proporciona um ambiente sofisticado, fazendo de cada evento um momento notável. 

O Salão Ático, enquadrado no piso superior, é um espaço que dispõe do requinte e da funcionalidade necessárias para acolher eventos de média dimensão. Concebido para permitir uma grande flexibilidade ao nível da disposição do mobiliário e da montagem de diversas soluções de iluminação e som, este espaço está vocacionado para uma grande variedade de iniciativas: concertos, recitais, exposições, passagens de modelos, congressos, conferências, encontros, reuniões, apresentação de produtos, conferências de imprensa, banquetes, bodas e festas. Um espaço distinto e de grande impacto que consegue acomodar 300 pessoas.

Também existe uma sala estúdio no Coliseu e que foi inaugurado a 26 de novembro de 1971, de seu nome Cinema Passos Manuel
Foi remodelado e equipado com um novo sistema de projecção e som em 1997. Foi renovado em 2004 e, actualmente funciona como sala de espectáculos, bar e discoteca. 











Fontes:

http://www.coliseudoporto.pt/
http://techarea.coliseu.info/
http://restosdecoleccao.blogspot.pt/search?q=coliseu+do+porto
https://www.fotold.com/fotos/lugares/1984-coliseu-do-porto-102431
https://www.fotold.com/fotos/lugares/1984-coliseu-do-porto-102432
https://www.facebook.com/passosmanuelporto/
http://gisaweb.cm-porto.pt/units-of-description/documents/421987/?q=titulo%3A%28coliseu%29+objetos%3Asim
http://gisaweb.cm-porto.pt/units-of-description/documents/425503/?q=titulo%3A%28passos+manuel%29+objetos%3Asim
https://www.spottedbylocals.com/porto/passos-manuel/