Monumental- O "Gigante" dos anos 50

O Monumental e o seu nome diz tudo: grandeza, imensidão, colossal...um enorme ponto de referência de Lisboa, mais concretamente na Praça do Saldanha, onde existiu durante largos anos.

Cinema Império - Outro "Gigante" Lisboeta

Em Maio de 1952, seria inaugurado o Cinema Império, localizado na Alameda D. Afonso Henriques, que contou com as presenças de diversas individualidades importantes da altura.

EDEN - O "GIGANTE" dos Restauradores

O novo Éden Teatro foi inaugurado em 1937 com a apresentação da peça "Bocage", interpretada pelo actor Estevão Amarante, numa cerimónia memóravel presidida pelo Chefe de Estado, o Marechal Carmona.

Cinema Vale Formoso: Para quando a sua reabilitação?

Entre as décadas de 1950 e 1970, este cinema (a par de outros como o Júlio Dinis, Terço, Passos Manuel, etc.) foi considerado como uma das salas de referência da cidade do Porto, tendo sido explorado pela Lusomundo.

Águia De Ouro - Clássico do Porto

Em 1930 viria a inaugurar-se o cinema sonoro com o filme All That Jazz com Al Jolson. O Águia d'Ouro seria então considerada uma das melhores salas do Porto.

9.4.23

"Cinemas do Paraíso" chega ao Tik Tok

Meus caros visitantes!


Este blogue já tem conta no Tik Tok. Se quiserem ver, comentar e fazer um like nos videos, visitem o seguinte link: www.tiktok.com/@cinemasdoparaíso.


Não se vão arrepender!


7.4.23

Cinemas do Paraíso: Sintra - Cinema Tivoli

Continuando a visita ao passado cinematográfico da Vila de Sintra, chega-se à Rua Veiga da Cunha, nº 20, onde se situa a Casa de Teatro de Sintra.

Este pequeno edificio situado numa rua de vivendas, foi originalmente construído como um cinema, com a designação de Cinema Tivoli. É percepcionado como um notável exemplar da arquitectura do início do Séc. XX, inserido num núcleo urbano que viria a consolidar-se com a implantação do caminho de ferro.

A sua inauguração ocorreu num sábado de Carnaval, no dia 18 de fevereiro de 1928. Foi, anos mais tarde, e durante muito tempo, utilizado como carpintaria e armazém. Da utilização inicial restavam alguns pormenores como, por exemplo, o nome na fachada, mas o estado de degradação era de tal forma evidente que era necessário uma intervenção, com vista à sua  recuperação e reutilização para fins culturais.

Antigo Cinema Tivoli, década de 1990 - Arquivo Municipal de Sintra

Antigo Cinema Tivoli, década de 1990 - Arquivo Municipal de Sintra

Antigo Cinema Tivoli, década de 1990 - Arquivo Municipal de Sintra

Antigo Cinema Tivoli, década de 1990 - Arquivo Municipal de Sintra

Antigo Cinema Tivoli, década de 1990 - Arquivo Municipal de Sintra

O Concelho de Sintra possuía uma grande dinâmica cultural, mas os espaços vocacionados para essa dinâmica eram escassos, o que obrigou a Câmara Municipal de Sintra a adquirir este antigo cinema em 1995. Em 1997, iniciaram-se as obras de requalificação do edifício, por forma a acolher atividades de criação e apresentação de espectáculos de teatro. Estas obras foram feitas ao abrigo do II Quadro Comunitário de Apoio, através do PORLVT - Sub-programa A e tiveram um custo de 258.985,84€.

Requalificação do antigo Cinema Tivoli, década de 1990 - Arquivo Municipal de Sintra

Requalificação do antigo Cinema Tivoli, década de 1990 - Arquivo Municipal de Sintra

Requalificação do antigo Cinema Tivoli, década de 1990 - Arquivo Municipal de Sintra

Requalificação do antigo Cinema Tivoli, década de 1990 - Arquivo Municipal de Sintra

O novo edifício, com a designação de Casa de Teatro de Sintra, foi inaugurado em outubro de 1999 e dispõe de uma sala de pequenas dimensões, com 60 lugares, e respectivas dependências de apoio, tanto para o público como para os actores. Encontra-se preparado para acolher pessoas com mobilidade reduzida e funciona como espaço amplo, devido ao sistema de recolha da plateia.

Casa de Teatro de Sintra - Chão de Oliva

Casa de Teatro de Sintra - Chão de Oliva

Casa de Teatro de Sintra - Chão de Oliva

Casa de Teatro de Sintra - Chão de Oliva

Casa de Teatro de Sintra - Chão de Oliva

Casa de Teatro de Sintra - Chão de Oliva

Casa de Teatro de Sintra - Chão de Oliva

Actualmente, este edifício é a sede do Chão de Oliva - Centro de Difusão Cultural em Sintra, uma associação cultural sem fins lucrativos, em funcionamento desde 1987, reconhecida como entidade de utilidade pública desde 1999. A sua atividade apoia-se em três eixos estruturantes: Criação Teatral, Programação Cultural e Serviço Educativo.

Em 1990, dentro deste centro, foi criada a Companhia de Teatro de Sintra. Em 1994, formou-se o Fio D'Azeite - Grupo de Marionetas. Em 2012, arrancou o Periferias - Festival Internacional de Arte Performativas, que ocorre anualmente, congregando as diversas artes performativas que anteriormente se encontravam segmentadas em diversos festivais.

Durante a sua existência, tem mantido a oferta de cursos de iniciação teatral e workshops abertos a profissionais e não-profissionais. Nos últimos anos, tem conslidado um serviço educativo, através de oferta formativa, projetos comunitários e arte participativa.

Conta com o apoio da Direção-Geral das Artes, Câmara Municipal de Sintra, Fundação Calouste Gulbenkian e Fundação La Caixa, Lisboa 2020 e de diversas entidades do setero empresarial e da sociedade civil.

Esta entidade foi agraciada, em 2007, com a Medalha de Mérito Cultural pela Câmara Municipal de Sintra. 

Casa de Teatro de Sintra - Chão de Oliva



Fontes:

Comissão de Coordenação da Região de Lisboa e Vale do Tejo. Lisboa e Vale do Tejo - Valorização Cultural, Reabilitação do Património. 2002

https://arquivoonline.cm-sintra.pt/

https://chaodeoliva.com/casa-de-teatro-de-sintra/

https://www.alagamares.com/a-vida-mundana-em-sintra-antes-do-25-de-abril/

6.4.23

Cinemas do Paraíso: Sintra - Cine Teatro Carlos Manuel

Nos próximos dias, o presente blogue vai assentar arraiais no Concelho de Sintra. A primeira paragem faz-se na Praça Dr. Francisco Sá Carneiro, onde se encontra um magnifico edificio designado Centro Cultural Olga Cadaval.

Antes desta nova vida como centro cultural, este edificio foi um espaço dedicado à arte cinematográfica, com a designação de Cine Teatro Carlos Manuel.

Inserido no "boom" da construção de cinemas em Portugal, e após inúmeras alterações ao projeto original, este edificio foi construído em 1945. O projeto original era da autoria do Arqt.º Manuel Joaquim Norte Júnior (1878-1962), que já tinha elaborado outros projetos arquitecturais ligados a espectáculos, nomeadamente: o edificio da Voz do Operário, o Cinema Max, o Cinema Royal e a Sociedade Amor da Pátria. Não sendo a obra mais significativa deste arquitecto, o edificio do Cine Teatro Carlos Manuel foi considerado como representativo de um estilo modernista tardio com elementos Art Deco, pertencendo também à classe tipológica funcional "Teatro à Italiana".

No Concelho de Sintra, este arquitecto já tinha elaborado o projeto do Casino de Sintra, construído entre 1922 e 1924 e inaugurado no dia 1 de agosto de 1924.

Vista panorâmica do Casino de Sintra - Arquivo Municipal de Sintra

Vista panorâmica do Casino de Sintra - Arquivo Municipal de Sintra

Próximo ao Casino de Sintra, no Bairro das Flores, existiu um outro espaço dedicado ao cinema, designado Sintra Cinema (não está relacionado com o cinema com o mesmo nome existente na Portela de Sintra). Foi o primeiro cinema a funcionar em Sintra, tendo encerrado em 1943. Seria na localização deste antigo cinema que iria nascer o magnânimo edificio do Cine Teatro Carlos Manuel.

Ãntigo Sintra Cinema no Bairro das Flores - Arquivo Municipal de Sintra

Antigo Sintra Cinema no Bairro das Flores - Arquivo Municipal de Sintra

O Cine Teatro Carlos Manuel foi inaugurado em 1948, tendo sido o único cinema a funcionar em Sintra durante largos anos. Foi durante 40 anos, uma referência no quotidiano da vida social e cultural sintrense, encontrando-se fortemente enraizado na memória coletiva do município.

Planta da fachada lateral sobre a Avenida do Bairro das Flores - Blogue "Restos de Colecção"

Planta da fachada lateral sobre a Avenida do Bairro das Flores - Blogue "Restos de Colecção"


Fachada principal - Visit Sintra

Fachada principal - Visit Sintra

Plateia e Balcão - Arquivo Municipal de Sintra

Plateia e Palco - Arquivo Municipal de Sintra

Plateia, Palco e Balcão - Arquivo Municipal de Sintra

Balcão e Plateia  - Visit Sintra

Bar - Arquivo Municipal de Sintra

Átrio do rés-do-chão - Arquivo Municipal de Sintra

Escada de Acesso ao 1º Andar - Arquivo Municipal de Sintra

Átrio do 1º Andar - Arquivo Municipal de Sintra

Escada de Acesso ao 1º Andar - Arquivo Municipal de Sintra

Escada de Acesso ao 1º Andar - Arquivo Municipal de Sintra

Anteprojeto - Arquivo Municipal de Sintra

Planta do rés-do-chão - Arquivo Municipal de Sintra

Planta do 1º Andar - Arquivo Municipal de Sintra

Para além da exibição de filmes, este espaço acolheu espectáculos de dança, música e teatro. As matinés carnavalescas e os concertos de Natal são apenas alguns exemplos das atividades que marcariam as memórias deste cine teatro.

Programa de cinema de 07.12.1952 - Arquivo Municipal de Sintra

Programa de Teatro de 01.09.1951 - Arquivo Municipal de Sintra

Programa de Dança de 24.05.1952 - Arquivo Municipal de Sintra

Programa de Carnaval de 1949 - Arquivo Municipal de Sintra

Em 1985, este cine-teatro seria atingido por um incêndio, que o deixou, em grande parte, destruído. O palco, os bastidores, o fosso da orquestra, a plateia e grande parte do balcão foram consumidos pelas chamas.
Após este incêndio, Sintra recorreu a outros espaços disponíveis para albergarem eventos culturais pontuais, nomeadamente a Trienal de Sintra e a Companhia de Teatro de Sintra.

Sendo a Vila de Sintra conhecida por albergar diversos eventos culturais, era preemente a existência de um espaço com capacidade para responder às necessidades de tais eventos. Em 1987, a Câmara Muncipal de Sintra adquiriu o edificio por forma a promover a sua reconversão e reabilitação. Assim, nasceria um espaço condigno para receber o prestigiado Festival de Sintra, bem como outros eventos, numa altura em que a vila fora elevada a Património da Humanidade pela UNESCO.

Em 1988, iniciaram-se os primeiros estudos que pretendiam viabilizar uma vasta utilização do edificio. Esses estudos apontavam para a criação de um auditório com cerca de 1200 lugares destinado a Ópera, Teatro, Concertos e Dança, e uma sala polivalente (estudio de cinema/sala de congressos), com capacidade para 200 a 300 lugares. No entanto, estas conclusões viriam a ser avaliadas e alteradas para salvaguarda do projeto original.

Na década de 1990, iniciaram-se as obras de requalificação deste edifício, cujo projeto foi da autoria dos Arquitectos João Monteiro Andrade e Sousa e Miguel Andrade e Sousa.. Não sendo viável uma recuperação integral, optou-se pela recuperação e salvaguarda dos espaços e elementos construtivos mais marcantes, nomeadamente:
  • O conjunto das fachadas do corpo principal;
  • Os foyers principais e seu revestimento de pavimentos, lambris e tectos;
  • As escadarias principais, de nobres proporções e desenvolvimento, com guardas metálicas policromáticas;
  • As paredes de alvenaria de pedra envolventes e definidoras da geometria da sala principal e a estrutura e laje do balcão;
  • Execução de alterações e adaptações na antiga sala, de modo a compatibilizá-la com as novas exigências de programa, nomeadamente no redesenho do perfil da plateia e fosso da orquestra;
  • Construção do novo corpo de cena, da sala de cinema, da sala de ensaios, de espaços de apoio e técnicos, implantando nas áreas demolidas e no jardm contíguo;
  • Execução de nova cobertura sobrelevada, incorporando todas as infra-estruturas e isolamentos acústicos indispensáveis;
  • Escavação adicional sob o foyer do Auditório Jorge Sampaio, para implantação do bar principal;
  • Arranjo dos espaços exteriores adjacentes, nomeadamente: passagem de ligação ao antigo Casino, actual Museu de Arte Moderna; colocação de um pórtico de entrada, com uma estrutura de porte monumental, reminiscente da memória dos antigos teatros de ópera no seu aparato, conferindo uma nova escala e presença urbana ao Centro Cultura e Tratamento da Praça Dr. Francisco Sá Carneiro.
Cine Teatro Carlos Manuel, década de 1990 - Arquivo Municipal de Sintra

Cine Teatro Carlos Manuel, década de 1990 - Arquivo Municipal de Sintra

Obras de Requalificação do Cine Teatro Carlos Manuel, década de 1990 - Arquivo Municipal de Sintra

Obras de Requalificação do Cine Teatro Carlos Manuel, década de 1990 - Arquivo Municipal de Sintra

Obras de Requalificação do Cine Teatro Carlos Manuel, década de 1990 - Arquivo Municipal de Sintra

O resultado final foi a reconversão deste edifício no Centro Cultural Olga Cadaval, inaugurado a 13 de outubro de 2001.

Este novo espaço engloba um conjunto de salas, áreas de apoio e espaços técnicos de grande qualidade técnica e funcional, nomeadamente:
  • Auditório Jorge Sampaio (sala de teatro), com capacidade para 1005 lugares;
  • Auditório Acácio Barreiros (sala de cinema), com capacidade para 276 lugares;
O novo corpo de cena, as duas asas do palco que aproveitam toda a largura do terreno, um subpalco, ligado ao novo fosso de orquestra e as zonas de armazenamento e de trabalho, são os espaços de maior envergadura e importância pafra o funcionamento do grande Auditório. Esta sala não só passou a contar com a possibilidade de realização de congressos apoiados pelas cabines de tradução, mas também com melhores condições a nível cénico. A boca de cena, ligação com o corpo de cena, foi alargada para 14m de largura e 9m de altura.

Na zona da plateia, o pavimento foi reconstruído e foram adicionados aos estudos iniciais régies de tradução, sonorização, iluminação e projeção. Na zona da caixa de palco foram englobados, num piso inferior, o fosso de orquestra e o sub-palco, ambos com estruturas que possibilitam a sua elevação permitindo uma variedade de configurações para melhor adaptação ao espetáculo em causa.

É ainda de referir que os dois auditórios que constituem o Centro Cultural - Auditórios Jorge Sampaio (grande) e Acácio Barreiros (pequeno) - são apoiados por várias salas de ensaio (sendo a principal de dimensões semelhantes à cena do Auditório Jorge Sampaio), um conjunto de camarins coletivos e individuais, em condições de receber qualquer produção do circuito nacional e internacional e zonas de trabalho e armazenamento.

Auditório Jorge Sampaio - Câmara Municipal de Sintra

Auditório Jorge Sampaio - Câmara Municipal de Sintra

Auditório Acácio Barreiros - Câmara Municipal de Sintra

Auditório Acácio Barreiros - Câmara Municipal de Sintra

Auditório Acácio Barreiros - Câmara Municipal de Sintra

Foram efetuados diversos melhoramentos e benefícios, nos três corpos do edifício, tendo todas as infra-estruturas sido executadas, integralmente, de novo, como todas as alimentações e ligações às redes de abastecimento, que compreenderam as instalações eléctricas, telefónicas, mecânicas, de ventilação e condicionamento de ar, a segurança, as redes de águas e esgotos, os equipamentos de bares e ascensor.

Ao nível da acústica existiu, igualmente, um trabalho de grande envergadura que se reflectiu na escolha de materiais e revestimentos, constituição de paredes, lajes e coberturas e seus isolamentos, geometria dos espaços e na especificação de vários elementos construtivos.

A decoração dos interiores cumpriu-se numa estrutura espacial despojada, na valorização das texturas e dos materiais que se assumiram numa continuidade decorativa despojada de excessos. Procurou-se a beleza através da homogeneidade dos materiais, das cores e do espírito das formas. Encontra-se assim mármores beges, castanhos e pretos, obras de arte, móveis e iluminação, passíveis de condizer com o ambiente de prazer proporcionado pelo espectáculo, e uma atenção muito particular dispensada ao foyer principal.

Átrio - www.allaboutportugal.pt

Átrio - www.allaboutportugal.pt

Foi atribuido a este renascido edifício, o nome da grande mecenas Olga Nicolis di Robilant Álvares Pereira de Melo, Marquesa do Cadaval, personalidade marcante da vida nacional do Séc. XX, a quem Sintra deve a génese do seu Festival de Música, que vê desta forma reconhecido o papel importante que teve no panorama cultural português, graças ao seu contributo relevante para divulgação da arte musical.


Fontes:

DOS REIS, Filipe Miguel Costa. Dissertação "A Cultura como Influência da Reabilitação e Revitalização do Centro Histórico de Portimão". Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes, 2015

https://cm-sintra.pt/atualidade/cultura/espacos-culturais-auditorios/centro-cultural-olga-cadaval

https://arquivoonline.cm-sintra.pt/

https://ccolgacadaval.pt/

https://visitsintra.travel/pt/sintra-antiga/13-cineteatro-carlos-manuel

https://restosdecoleccao.blogspot.com/2013/09/cine-teatro-carlos-manuel.html

https://www.alagamares.com/a-vida-mundana-em-sintra-antes-do-25-de-abril/

https://www.e-cultura.pt/patrimonio_item/14100

http://revistatritao.cm-sintra.pt/index.php/listaefemerides/329-1945-o-arquitecto-norte-junior-projecta-o-cineteatro-carlos-manuel

https://www.allaboutportugal.pt/en/sintra/cultural-centers/centro-cultural-olga-cadaval