Monumental- O "Gigante" dos anos 50

O Monumental e o seu nome diz tudo: grandeza, imensidão, colossal...um enorme ponto de referência de Lisboa, mais concretamente na Praça do Saldanha, onde existiu durante largos anos.

Cinema Império - Outro "Gigante" Lisboeta

Em Maio de 1952, seria inaugurado o Cinema Império, localizado na Alameda D. Afonso Henriques, que contou com as presenças de diversas individualidades importantes da altura.

EDEN - O "GIGANTE" dos Restauradores

O novo Éden Teatro foi inaugurado em 1937 com a apresentação da peça "Bocage", interpretada pelo actor Estevão Amarante, numa cerimónia memóravel presidida pelo Chefe de Estado, o Marechal Carmona.

Cinema Vale Formoso: Para quando a sua reabilitação?

Entre as décadas de 1950 e 1970, este cinema (a par de outros como o Júlio Dinis, Terço, Passos Manuel, etc.) foi considerado como uma das salas de referência da cidade do Porto, tendo sido explorado pela Lusomundo.

Águia De Ouro - Clássico do Porto

Em 1930 viria a inaugurar-se o cinema sonoro com o filme All That Jazz com Al Jolson. O Águia d'Ouro seria então considerada uma das melhores salas do Porto.

17.3.12

Cinema Turim - Mais um cinema reincarnado...

O meu passeio pela Freguesia de Benfica não terminou no edificio quase centenário da Junta de Freguesia. Agora vou dar um pulinho à muito próxima Estrada de Benfica, mais concretamente ao nº 723, onde se encontra um pequeno e antigo centro comercial que passa despercebido a muita gente, mas que já teve uma sala de cinema a funcionar. Estou a falar do Cinema Turim.





O Centro Comercial Turim foi inaugurado a 30 de Setembro de 1983, e com ele a sala de cinema que encerrou em 2007. O filme de estreia foi "A Luz da Paixão", realizado por Costa-Gavras e interpretado por Yves Montand e Romy Schneider.

Anúncio do Diário de Lisboa de 30.09.1983

A sala localizava-se na cave do centro comercial, e era pequena com cadeirões de veludo vermelho. E, em época normal, havia sempre dois filmes em exibição, em horários diferentes e em várias sessões.


O Cinema Turim foi preponderante quando ainda não existiam o Centro Comercial Fonte Nova ou o Colombo. Existiam sessões da meia-noite, matinées e, nas férias de Natal, ocorriam filas para os bilhetes das sessões infantis, como tambem desfiles de Carnaval. O movimento era imenso. A abertura de novos centros comerciais com salas de cinema mais apetrechadas e espaçosas, transformou o Cinema Turim numa sala de retaguarda, onde apenas eram projectados os filmes que já tinham saído de cartaz nos outros cinemas.

Depois do seu encerramento, esteve quase para ser alugada à Igreja Maná para sessões de culto. Chegou a haver uma inscrição a anunciar a sua instalação, o que nunca aconteceu. Durante uma semana, comentou-se na rua e nas lojas que seria "uma blasfémia" mesmo ali em frente à igreja de Benfica.

A persistência da administração em resistir aos gigantes do consumo do novo milénio faz com que este pequeno centro comercial perto da igreja de Benfica continue a sobreviver.
Este cinema reincarnou, durante algum tempo, no Teatro Turim, tudo graças à persistência da actriz Anabela Moreira (filha do dono do cinema) que, com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa, pretendeu fazer deste espaço um pólo cultural, que dinamizasse a cidade e, sobretudo, a zona de Benfica, que estava um pouco à margem da vida cultural de Lisboa.


Depois de alguns anos de encerramento, está previsto a reabertura deste espaço para o dia 16 de setembro de 2023, com uma programação diversificada que inclui dança, teatro, cinema, retrogaming em permanência e música neste emblemático e icónico espaço da Freguesia de Benfica, para além de muitas surpresas que nos irão levar diretamente aos anos 80. A reabertura do Turim vai criar no Bairro de Benfica mais um polo de atratibilidade cultural na zona norte da Cidade de Lisboa, juntando-se a outros equipamentos culturais da Junta de Freguesia na zona envolvente, que já inclui o Palácio Baldaya, o Auditório Carlos Paredes e a futura Biblioteca António Lobo Antunes.

Esta reativação do Cine-Teatro Turim, realizada ao abrigo do Programa “Um Teatro em Cada Bairro”, inclui a exploração não só da sala de espetáculos como da antiga estrutura do centro comercial.




https://www.facebook.com/jfbenfica
https://bairrobenfica.pt/agenda/inauguracao-cine-teatro-turim/

Cine Clube de Benfica: o berço do desporto

Hoje vou fazer um passeio até à freguesia de Benfica, onde se localiza-se na Avª Gomes Pereira, nº 17 o edificio da Junta de Freguesia. Ok...o que é isto tem a ver com cinema? Muito! É que antes de albergar a Junta, este edificio tinha sido uma sala de cinema chamada Cine Clube de Benfica.



Este cine clube foi inaugurado em 1916, tendo sido a primeira sala de cinema existente nesta freguesia lisboeta, muito antes do C.C. Colombo, Fonte Nova ou Turim.

Fazia parte dum complexo com várias instalações desportivas e lúdicas pertencentes ao Sport Lisboa e Benfica, que nesse ano adquiriu o edifício neo-romântico na Av. Gomes Pereira e terrenos envolventes para aí instalar a sua sede e recintos desportivos. Até 1926, o campo de futebol utilizado pelo clube existiu nas traseiras deste edificio, até aquele se mudar para o Campo das Amoreiras.

O ringue de patinagem existente actualmente, é o mais antigo do país e foi o berço do hóquei em patins português, estando a funcionar desde a sua inauguração em 1914.






Como já foi referido, a Junta de Freguesia de Benfica encontra-se instalada neste edificio, tendo em 1992 a sala do Cine Clube de Benfica sido renovada, passando a designar-se Auditório Carlos Paredes, podendo acolher 115 espectadores. As colunas da boca de cena ainda são as originais que remontam a 1916.





O ringue também foi remodelado, sendo-lhe acrescentado uma cobertura em forma de pala sobre as bancadas. Aproveitando os terrenos da Quinta de Marrocos onde anteriormente se localizava o velho campo de futebol, a Junta viria também a construir uma piscina coberta.

O Auditório Carlos Paredes, hoje considerado um importante símbolo do Património Cultural de Benfica, é um pólo aglutinador de dinamização, promoção e difusão de actividades culturais na Freguesia de Benfica.

Actualmente, esta infra-estrutura encontra-se sob a gestão da J.F. Benfica, através do Pelouro da Cultura.


Fontes: 
https://arquivomunicipal3.cm-lisboa.pt/xarqdigitalizacaocontent/Imagem.aspx?ID=2401623&Mode=M&Linha=1&Coluna=1


13.3.12

Central: quando o cinema reincarna...


Raul Lopes Freire (homem de negócios apaixonado pelo cinema e dono do Salão Chiado) inaugurou um novo espaço localizado no Palácio Foz. Salão Central era o seu nome e apareceu graças ao sucesso das exibições cinematográficas que se expandiam pela cidade lisboeta, como também à perseverança do seu dono. No início de 1908 foi constituída a “Sociedade Animatográfica, Lda.”, composta pelos associados Carlos Gotschalk, Raul Lopes Freire e seu irmão Augusto Freire, Carlos Ribeiro Nogueira Ferrão, Alberto Coutinho Freire e Jaime Guerra da Veiga Pinto, do qual Raul Lopes Freire seria gerente. O local escolhido era ocupado anteriormente pelo estabelecimento de Gotschalk dedicado a maquinismos e utensílios eléctricos e situava-se no extremo norte do Palácio Foz que, anteriormente, fora a capela privativa do palácio. Foram feitas obras em tempo recorde para que o salão fosse inaugurado em 1908.




A par do Chiado Terrasse e do Salão Trindade, esta sala era uma das mais prestigiadas, luxuosas e cómodas de Lisboa, tendo sido construída na capela privativa do palácio. A sua decoração era original, criando um ambiente de fundo do mar no sentido de conferir um certo ar de frescura, efeito esse obtido através da utilização de cartão-pasta modelado. A disposição do ecrã também era outra novidade, porque se situava do lado oposto onde se encontra actualmente e se manteria assim até à grande transformação da sala em 1919. Poderia acomodar 425 espectadores.
Em pouco tempo, Raul Lopes Freire consegue obter as partes dos outros sócios, passando a ser ele (juntamente com a sua mãe e irmãos) os únicos donos deste salão. E sob a gerência eficaz de Freire, a exploração do mesmo revela-se um sucesso.




Querendo melhorar e acreditar mais a sua sala no sentido de obter uma programação segura e variada, Freire conseguiu em 1917 a representação exclusiva para Portugal de uma das mais acreditadas firmas importadoras e distribuidoras espanholas, a “Agência General Cinematográfica” de Barcelona. Essa cartada importante fez com que a exploração deste salão se tornasse mais rentável. No mesmo ano, esta sala passou a ter um sexteto dirigido por Carlos Teixeira que acompanhava musicalmente todos os filmes exibidos.


Raul Lopes Freire era um homem de negócios, extremamente dedicado à exploração cinematográfica. Em 1919, encerrou este espaço para obras. Sob a sua concepção técnica e sob projecto do Arqt.º João Baptista Mendes, a reconstrução deste salão foi profunda e ficou a cargo do construtor Manuel Eanes Trigo.
A sala era constituída por uma ampla plateia (por aquilo que normalmente se tem chamado de balcão de 1ª ordem) ao qual foi dada o nome de tribuna, que dava lugar a cinco camarotes e, num nível superior, ao balcão de 2ª ordem. A sua inauguração também no mesmo ano foi um verdadeiro acontecimento no meio cinematográfico lisboeta. Foram saudados a largura do espaço o que permitia ventilação; a abertura de novas portas de saída; o desaparecimento das incómodas colunas que estorvavam e claro, os pormenores luxuosos evidentes no rico pano de veludo que encortinava o ecrã; no mobiliário ostentoso; nas esculturas ornamentais, na decoração em branco e oiro. Também é de salientar a existência de um novo sexteto musical dirigido por Luís Barbosa, uma importante figura do panorama musical português da época.




Raul Lopes Freire no intuito de melhorar, modernizar e tornar mais atraente o seu salão ao público, resolveu transformá-lo mais uma vez em 1929. O aspecto que mais se evidenciou desta vez foi a utilização de madeira cara, que contribuiu para modificar completamente o interior do salão, com a oferta de novas poltronas na plateia como também na antiga tribuna, cujas primeiras filas desapareceram para dar lugar a uma ordem de camarotes. Por outro lado, o antigo 2º balcão foi substituído por camarotes. Contudo, todas estas transformações atrás referidas não impediram que o público começasse a afastar-se devido à abertura de novas salas em diferentes zonas da cidade, acabando por forçar o seu encerramento.




Em 1958 foi recuperado e serviu de instalação para a Cinemateca Portuguesa até 1980, quando a mesma se mudou para as instalações da Rua Barata Salgueiro. A partir daí neste espaço passou a funcionar a Cinemateca Júnior, mantendo esta função actualmente. Já não tem a famosa orquestra, mas possui um piano que serve de acompanhamento na exibição dos filmes mudos, como também acontece noutras salas da Cinemateca. O espaço do actual Salão Foz possui uma exposição interactiva de pré-cinema chamada Das Lanternas Mágicas ao Cinematógrafo dos Lumiére, uma viagem pelos primórdios do cinema desde as sombras de luz até aos cinematógrafos. Todos os sábados existem sessões de cinema.


É também importante evocar uma história curiosa…depois do 25 de Abril de 1974, esta sala começou a exibir filmes do cinema de Leste proibidos pela ditadura, graças a Vasco Granja (o mesmo senhor que marcou o panorama televisivo português com os seus programas de animação, também do Leste, que eram transmitidos na RTP2 há muitos anos atrás). Em suma, este cinema ganhou vida através de uma outra reencarnação  mas sem nunca deixar de ser o que é...um espaço dedicado à 7ª arte, à magia do cinema.
 
 
 


Fonte:
ACCIAIUOLI, Margarida, Os Cinemas de Lisboa – Um fenómeno urbano do século XX, Lisboa, Editorial Bizâncio, 2012
RIBEIRO, M. Félix, Os mais antigos cinemas de Lisboa, 1896-1939, Lisboa, Instituto Português de Cinema/Cinemateca Nacional, 1978
http://restosdecoleccao.blogspot.com/2010/11/antigos-cinemas-de-lisboa-4.html
http://restosdecoleccao.blogspot.pt/2013/01/central-cinema.html
http://cinemaaoscopos.blogspot.com/2010/02/central-1908-actualidade.html