Já abordei neste blog a tranfiguração de diversos cinemas de Lisboa...o Vox que passou a King Triplex, o Imperial que passou a Pathé, o Lys que passou a Roxy...
Hoje vou mais longe e vou falar de uma sala de cinema que transfigurou-se por três vezes: foi baptizada com o nome Cine-Bélgica, depois Universal e, por fim, virou sala de espectáculo recebendo o mítico nome de Rock Rendez Vous.
Gustavo Fernandes Pereira da Costa resolveu transformar um barracão em alvenaria, do qual era era dono, e inaugurou em 1928 o Cine Bélgica no Bairro do Rego, mais concretamente na Rua da Beneficiência, nº 175 (algures entre a Cidade Universitária e o Entre Campos), sendo que este espaço poderia albergar 500 espectadores. Os trabalhos de transformação ficaram a cargo do construtor civil Domingos Pinto.
Em 1933, o espaço é sujeito a obras de beneficiação entre as quais ao nível da cabine, de modo a poder instalar uma aparelhagem reprodutora de som, da marca R.C.A. Photophone.
Dotado de um balcão e de uma plateia rudimentar e sem nenhum bufete ou bar de apoio, este cinema sofreu remodelações importantes em 1947, concernente à comodidade e condições de segurança, de modo a assegurar o conforto aos seus espectadores.
A sua fachada abria-se para a rua através de três portas que não escondiam a lógica das novas exigências de segurança que começavam a surgir.
Por esta altura, este cinema passaria a ser gerido por uma nova empresa denominada de Fragoso Fernandes, Lda.
Em 1948, uma nova sociedade sucederia à existente que detinha a exploração do espaço, passando essa empresa a girar sob o nome de António Brito & Costa.
Em 1933, o espaço é sujeito a obras de beneficiação entre as quais ao nível da cabine, de modo a poder instalar uma aparelhagem reprodutora de som, da marca R.C.A. Photophone.
Dotado de um balcão e de uma plateia rudimentar e sem nenhum bufete ou bar de apoio, este cinema sofreu remodelações importantes em 1947, concernente à comodidade e condições de segurança, de modo a assegurar o conforto aos seus espectadores.
A sua fachada abria-se para a rua através de três portas que não escondiam a lógica das novas exigências de segurança que começavam a surgir.
Por esta altura, este cinema passaria a ser gerido por uma nova empresa denominada de Fragoso Fernandes, Lda.
Em 1948, uma nova sociedade sucederia à existente que detinha a exploração do espaço, passando essa empresa a girar sob o nome de António Brito & Costa.
Em 1968 este cinema mudou a designação para Cinema Universitário, para em 1973 passar a ser denominado de Cinema Universal, que era pertencente ao Animatógrafo de Cunha Teles, tornando-se logo a seguir ao 25 de Abril de 1974 numa espécie de "templo" para filmes "revolucionários". Contudo nem mesmo a mudança de nome fez com que os estudantes da Cidade Universitária frequentassem este cinema, que se encontrava longe dos centros de convívio mais interessantes da cidade.
Este cinema, antes de encerrar definitivamente em 1980, viveu duas épocas de glória. A primeira, mais longa, durou décadas, fazendo com que fosse um concorrente suburbano de outros cinemas como o Olympia, Restauradores, Salão Lisboa, Max Cine, Palatino, Pátria ou Oriente. A segunda época de glória ocorreu pouco depois da Revolução de 25 de Abril de 1974, quando o Animatógrafo de António Cunha Teles começou a exibir clássicos do cinema underground. No entanto foi sol de pouca dura visto que a distribuidora faliu, o que forçou o encerramento deste espaço.
Este cinema, antes de encerrar definitivamente em 1980, viveu duas épocas de glória. A primeira, mais longa, durou décadas, fazendo com que fosse um concorrente suburbano de outros cinemas como o Olympia, Restauradores, Salão Lisboa, Max Cine, Palatino, Pátria ou Oriente. A segunda época de glória ocorreu pouco depois da Revolução de 25 de Abril de 1974, quando o Animatógrafo de António Cunha Teles começou a exibir clássicos do cinema underground. No entanto foi sol de pouca dura visto que a distribuidora faliu, o que forçou o encerramento deste espaço.
A 18 de Dezembro de 1980, este ciema passou a ser uma sala de espectáculo denominada Rock Rendez Vous. No concerto inaugural participaram o desconhecido Rui Veloso e a sua Banda Sonora. O proprietário desta sala era Mário Guia, baterista de um grupo dos anos 60 chamado Ekos. Para entrar nesta sala era preciso pagar a módica quantia de 300 escudos com direito a música e 200 escudos sem música, mas com direito a parte do consumo.
Esta sala de espectáculos teve como inspiração o famoso Marquee, o mítico clube de Londres onde os Rolling Stones estrearam em 1962. Até então, o circuito rock nacional só passava em sociedades recreativas e palcos improvisados, isto num país que ainda celebrava a chegada da electricidade a algumas localidades mais remotas no inicio da década de 1980.
O RRV era um espaço diferente, possuidor de um sistema de som JBL a 4 vias e de uma politica de divisão de bilheteira com as bandas que era justa, numa época em que rock e cachês eram duas palavras que raramente se cruzavam. O ambiente deste espaço era afável, onde toda a gente se conhecia, como também recebia-se os novatos de braços abertos.
Foi um espaço onde pessoas de todo o país convergiam para ouvir novos sons musicais feitos por bandas portuguesas que estavam a revelar-se e outras em ascensão. Muitos artistas passaram por esta sala de espectáculos, como: Adelaide Ferreira, António Variações, Ban, Delfins, GNR, Heróis do Mar, Jafumega, Lena D'Água, Roquivários, Salada de Frutas, Sétima Legião, Xutos e Pontapés, etc.
Devido às reclamações feitas pelos vizinhos a exigir o seu encerramento, às despesas incomportáveis e ao esquecimento por parte das entidades da Cultura que não apostavam neste tipo de música, esta sala fechou portas definitivamente a 27 de Julho de 1990.
2013...o que resta deste mítico lugar? Nada, infelizmente...o edifício onde se situava o Cine Bélgica, Cinema Universal e Rock Rendez Vous foi demolido e, no seu lugar, foi construído outro. No lugar onde outrora existira um cinema e sala musical de culto, agora existe um café chamado Galão 2 e um prédio de habitação. Contudo, o dono do café mantém uma certa mística do local através de fotografias que contam a história do Cine Bélgica, Cinema Universal e Rock Rendez Vous, tornando o local agradável.
Fonte:
ACCIAIUOLI, Margarida, Os Cinemas de Lisboa – Um fenómeno urbano do século XX, Lisboa, Editorial Bizâncio, 2012
Félix Ribeiro, M. Os mais antigos cinemas de Lisboa 1896-1939 (1978). Cinemateca Nacional
http//cinemasaoscopos/2009/12/belgica-1961-1979.html http//guedelhudos.blogspot.com/search/label/Rock%20Rendez-Vous
http://blitz.sapo.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=bz.stories/24248
http://www.fmsoares.pt/aeb_online/visualizador.php?bd=IMPRENSA&nome_da_pasta=06888.205.31328&numero_da_pagina=22
http://www.fmsoares.pt/aeb_online/visualizador.php?bd=IMPRENSA&nome_da_pasta=06888.205.31328&numero_da_pagina=23
http://citizengrave.blogspot.pt/search/label/Cine-B%C3%A9lgica
http://arquivomunicipal.cm-lisboa.pt/x-arqweb/(S(5hlkodrbth0ra3aanemcfl45))/SearchResultOnline.aspx?search=_OB%3a%2b_QT%3aTI__Q%3aCINEMA+EUROPA_EQ%3aF_D%3aF___&type=PCD&mode=0&page=0&res=0&set=%3bAF%3b