A 7 de maio de 1931, foi inaugurado, pelo então Presidente da República, General óscar Carmona, um novo espaço de cinema designado Esplanada Monumental, situado na Avenida Álvares Cabral, na zona do Rato e Estrela.
A sua localização ficava num amplo edifício, especialmente construído num terreno que pertencia ao comerciante e construtor civil tomarense Clemente Vicente, sob o traço do Arqt.º Raul Martins,que o concebe como um animatógrafo ao ar livre. Neste edifício incluiam-se um amplo stand de venda de automóveis, que mais tarde se transformaria na Garagem Monumental e se situava no rés-do-chão, bem como uma sala de projecção e uma fonte monumental, que se situavam no terraço da cobertura.
A sua fachada , de linhas direitas e sóbrias, animada por uma estrutura de ferro e vidro,era encimada por uma figura fundida em cimento, coberta a ouro patinado, que sobressaía dos outros dois tons de cinzento em que a restante decoração se desenvolvia.
A Esplanada Monumental corria o risco de se confundir com a Garagem Monumental, mas com o decorrer do tempo, esse risco desvaneceu-se, visto que o cinema acabou por neutralizar as outras funções do edifício e afirmar-se na cidade.
A 4 de junho de 1932, Clemente Vicente iria transformar completamente este espaço, até então destinado a cinema ao ar livre, ampliando-o e modificando a respectiva traça, tornando-o assim numa imensa sala com 1000 lugares, distribuidos da seguinte forma: Plateia, 540; Balcão, 25; Superior, 394; Frisas, 8 (com o total de 35 lugares),numa lotação exacta de 894 localidades. Na planta inicial, encontrava-se, junto ao ecrã, uma aparatosa fonte luminosa. O espaço mudaria a sua designação para Esplanada Álvares Cabral.
A 22 de maio de 1933, o espaço iria reabrir ao público com a designação Jardim Cinema, com a projecção do filme "Pernas ao Ar, com uma nova sala coberta e com capacidade para 894 espectadores, tornando-se numa das maiores salas de cinema lisboetas.
Até ao final da década de 1930, este espaço voltaria a ser alterado na sua planta, com a redução do número de lugares, por forma a beneficiar a comodidade do público, sendo que a sua distribuição seria a seguinte: 1º Plateia, 470; 2ª Plateia, 82; Cadeira, 96; Balcão, 25 e 8 frisas com 4 lugares cada. No total, a lotação era de 705 lugares.
De acordo com o SIPA - Sistema de Informação para o Património Arquitectónico, o edifício do Jardim Cinema fora desenvolvido em profundidade, como um volume paralelepipédico quase fechado, com o terraço coberto. Registava-se na fachada, no piso térreo, a porta de entrada flanqueada por envidraçados; num 2º nível , um baixo-relevo decorativo art-déco em betão, acima do qual se destaca o pano murário que servia para se colocar as telas publicitárias, em suporte metálico enquadrado pelo friso da platibanda, com faixas verticais de janela a flanquear a superfície. O seu interior era unitário, de triplo pé direito, onde o salão de jogos ocupava o piso térreo. Neste espaço central, abriam-se dois níveis de galerias, ligadas entre si por seis grupos de escadas de lanço recto único.
O Jardim Cinema encerraria a 12 de outubro de 1977 e voltou a reabrir com a designação MonteCarlo, a 4 de maio de 1979, com o filme "Aquele Verão". O seu encerramento definitivo ocorreu a 15 de outubro de 1985, com o filme "Colégio de Jovens".
Este cinema ficaria associado a um salão de jogos, com que se dotou posteriormente, designado Salão de Jogos Monumental. Os bilhares, matraquilhos, jogos de arcada e pistas de carrinhos apetrecheram este espaço, que se tornou num espaço de referência na cidade, onde as pessoas se poderiam divertir e conviver livremente.
Este espaço foi utilizado no filme "Kilas, o Mau da Fita" do realizador José Fonseca e Costa, e encerrou no dia 30 de junho de 2006. No seu lugar, nasceu... mais uma loja chinesa.
Em 1986, albergaria a Discoteca Loucuras, com a direcção artística de José Nuno Martins. Esta discoteca receberia artistas como LX-90, Afonsinhos do Condado e Café Lusitano, entre outros. Foi uma das discotecas e sala de espectáculos mais dominantes de Lisboa nos anos 80, com as suas "Quinta-feiras Tranquilas", animadas pela Orquestra da Felicidade do Brilho e da Glória, criada pelo maestro Jaime Oliveira, formada pelos músicos da banda da GNR.
Em 2002, este edifício seria considerado Imóvel de Interesse Público e, actualmente, alberga uma produtora de programas televisivos e a empresa de leilões "Renascimento - Avaliações e Leilões, S.A.".
- ACCIAIUOLI, Margarida, Os Cinemas de Lisboa – Um fenómeno urbano do século XX, Lisboa, Editorial Bizâncio, 2012
- RIBEIRO, M. Félix, Os mais antigos cinemas de Lisboa, 1896-1939, Lisboa, Instituto Português de Cinema/Cinemateca Nacional, 1978
- https://restosdecoleccao.blogspot.com/2016/05/jardim-cinema.html
- http://guedelhudos.blogspot.com/2010/11/antigo-jardim-cinema.html
- http://lerougeetnoir.blogspot.com/2009/12/jardim-cinema-arquitecto-raul-martins.html
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- https://www.facebook.com/groups/sala9?locale=pt_PT
- https://slotcar-memorial-portugal.webnode.pt/memorial-de-pistas-e-locais-onde-havia-ha-slots-em-portugal-/
- https://www.publico.pt/2006/06/23/jornal/salao-de-jogos-monumental-transformado-em-loja-chinesa-85420
- https://blitz.pt/principal/update/2017-11-11-Lugares-perdidos-30-salas-de-concertos-portuguesas-com-historia-que-entretanto-desapareceram
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1 comments:
Um espaço mítico, com muita diversão garantida. Matraquilhos (tradicionais, eléctricos e até , bem originais, de hóquei ) bilhar, snooker, ping pong, pista de carros eléctricos, flippers. Um gigantesco e icónico templo de diversão no final dos anos 70, início dia anos 80.
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