15.5.20

Cinemas do Paraíso: Tomar - parte I


Hoje viajamos até Tomar, uma cidade ribatejana, pertencente ao distrito de Santarém, conhecida pelos seus diversos monumentos históricos, dos quais se destacam o Convento de Cristo.

Centremo-nos no primeiro espaço dedicado ao espectáculo nesta cidade em 1800, e restaurado em 1876, designado de Theatro Nabantino. Foi aqui que os tomarenses assistiram pela primeira vez a uma sessão de cinema a 17 de novembro de 1901.


Em 1909, foi inaugurado o Salão Animatógrafo "Paraíso de Thomar", que se situava nas traseiras da Igreja de São João. A empresa que fundou este animatógrafo abriu, em 1911, um café com o mesmo nome "O Paraíso", na Corredoura.








Dez anos depois, iniciou-se a renovação do Theatro Nabantino, a cargo da sociedade comercial "Fonseca, Soares & Conpanhia", cuja sede se localizava na Rua da Infantaria, n.º 15. O projecto implicava a demolição do velho Theatro Nabantino e a construção do futuro Teatro Paraíso, que arrancou em 1920, sob a alçada do Arqt.º Deolindo Vieira, que tinha projectado um "teatro à italiana", seguindo uma linguagem Art Deco, vagamente atenuada por uma concepção mais depurada e modernista.
Durante as obras para o novo teatro, os espectáculos continuavam no Salão Animatógrafo. A inauguração deste novel edificio ocorreu a 24 de março de 1924.




Na década de 1940, o teatro foi remodelado, com o projeto do Arqt.º Camilo Korrodi, que se dedicou à total transformação dos interiores, acrescentando um salão de festas e um bar e mantendo as fachadas exteriores, concebidas por Deolindo Vieira. Este edificio foi novamente inaugurado a 18 de dezembro de 1947.








Quase meio século depois, o Teatro Paraíso encerrou definitivamente em 1991, tendo sido adquirido pela Câmara Municipal de Tomar em 1997, que se encarregou de renovar o edificio já em ruínas.





O novo e actual Cine-Teatro foi inaugurado, pela última vez, em 2002, estando desde então aberto ao público, com os mais diversos espectáculos e sessões de cinema. Possui uma sala de espectáculos com capacidade para 410 pessoas, com valência para as mais diversas formas cénicas (música, teatro, dança...).








Os dois baixos relevos sobre as frisas, moldados em gesso por Amália Fuller, evocando o teatro e a dança, foram premiados pela Sociedade Nacional de Belas Artes. Este edificio, reconhecido com um importante elemento do património e da memória da comunidade tomarense, encontra-se perfeitamente integrado na malha urbana medieval da cidade, conferindo ao centro histórico, um forte potencial de animação e vitalidade urbanas.


Fontes:


ORNELAS, Cilisia Mónica Duarte, Recuperação de Cine-Teatros Modernos Portugueses, Dissertação de Mestrado,Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, 2006



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