Monumental- O "Gigante" dos anos 50

O Monumental e o seu nome diz tudo: grandeza, imensidão, colossal...um enorme ponto de referência de Lisboa, mais concretamente na Praça do Saldanha, onde existiu durante largos anos.

Cinema Império - Outro "Gigante" Lisboeta

Em Maio de 1952, seria inaugurado o Cinema Império, localizado na Alameda D. Afonso Henriques, que contou com as presenças de diversas individualidades importantes da altura.

EDEN - O "GIGANTE" dos Restauradores

O novo Éden Teatro foi inaugurado em 1937 com a apresentação da peça "Bocage", interpretada pelo actor Estevão Amarante, numa cerimónia memóravel presidida pelo Chefe de Estado, o Marechal Carmona.

Cinema Vale Formoso: Para quando a sua reabilitação?

Entre as décadas de 1950 e 1970, este cinema (a par de outros como o Júlio Dinis, Terço, Passos Manuel, etc.) foi considerado como uma das salas de referência da cidade do Porto, tendo sido explorado pela Lusomundo.

Águia De Ouro - Clássico do Porto

Em 1930 viria a inaugurar-se o cinema sonoro com o filme All That Jazz com Al Jolson. O Águia d'Ouro seria então considerada uma das melhores salas do Porto.

28.1.12

Cine-Teatro Arco-Iris: destino de peep-show


O Cine-Teatro Arco-Iris, localizado na entrada do lado direito do edificio do Coliseu dos Recreios, na Rua das Portas de Santo Antão, terá aberto as suas portas ao público a 3 de setembro de 1960, conforme o anúncio de jornal que se publica. Pertencia à empresa "Ricardo Covões (filhos), Lda".


Era um cinema cujo interior era pequeno e modesto, albergando somente entre 100 a 150 espectadores. Tinha sessões contínuas de dois filmes cada, com intervalo entre ambas. Algumas cadeiras tinham colunas de suporte do balco do Coliseu dos Recreios à sua frente, dificultando a visão dos espectadores. Passava frequentemente filmes de cowboys e de capa e espada. Em 1961, um bilhete para entrar neste cinema custava 5$00.




Existira anteriormente neste lugar uma loja de móveis. Em 1924, a empresa "Ricardo Covões (filhos) Lda",que explorava o Coliseu dos Recreios, inaugurava no mesmo sitio o "Café do Coliseu", que iria funcionar até 1942. A partir daí,  este espaço foi ocupado, até aos anos 60, pelo Teatro de Marionetas Mestre Gil. 




Depois de vinte anos de funcionamento como cinema, veria a fechar portas por volta de 1980. Consequentemente, iria dar lugar a um estabelecimento de peep-show chamado "Bar 25 Pipodrom", onde por 25$00 o cliente assistia, numa cabine circular, a um espectáculo de striptease ou peep-show.

Depois deste bar ter fechado, este espaço foi discoteca, loja de discos e um restaurante chamado "Café 1890", que abriu em 2015 e que, entretanto, também já encerrou.




Fontes:
http://restosdecoleccao.blogspot.com/2018/09/cinema-arco-iris.html
http://citizengrave.blogspot.pt/2012/11/cinemas-onde-vi-filmes-cinema-arco-iris.html
http://arquivomunicipal.cm-lisboa.pt/x-arqweb/(S(5hlkodrbth0ra3aanemcfl45))/SearchResultOnline.aspx?search=_OB%3a%2b_QT%3aTI__Q%3aCINEMA+ARCO-IRIS_EQ%3aF_D%3aF___&type=PCD&mode=0&page=0&res=0&set=%3bAF%3b

Alvalade: o cinema renascido das cinzas

O Cinema Alvalade, um dos maiores e mais antigos cinemas de Lisboa, situava-se na Avenida de Roma, nº 100, num gaveto com a Rua Luís Augusto Palmeirim. Projectado pelos Arqtsº Lima Franco, Filipe de Figueiredo e Eng.º Manuel Gaspar, em 1945, quando se construiu o Bairro de Alvalade, foi inaugurado em  8 de Dezembro de 1953.


Este cinema tinha capacidade para 1485 espectadores, distribuídos da seguinte forma: 776 na plateia, 229 nas tribunas, 212 no 1º balcãoe 278 no 2º balcão. Dispunha de 5 foyers, 3 dos quais providos de bar.
Este edificio ocupava uma área de 1300 m2 e possuía um moderno sistema de ar condicionado e de aquecimento por placas, em vez de radiadores. A cabine era apetrechada com duas máquinas, cuja projecção era feita num ecrã, com as dimensões de 7m de altura por 5m de largura.




O interior possuía uma grande escadaria, onde se podia apreciar um painel com uma pintura da autoria de Estrela Faria, sendo considerada uma das principais obras da pintora. 



A inauguração deste cinema mereceu cobertura dos jornais mais importantes da época:

"Diário de Lisboa" - 05.12.1953

"O Século" - 06.12.1953


O Jornal "O Século Ilustrado" de 26 de Dezembro de 1953, relatou a experiência vivida por aqueles que entravam neste cinema pela primeira vez: "Quem entrar pela primeira vez no Alvalade, fica preso da sua beleza decorativa, dos pormenores de conforto e de delicadeza que se desprendem da decoração, da harmonia das suas tonalidades, da largueza dos seus pavimentos reluzentes, das notáveis condições acústicas da sala, da perfeita visibilidade de todas os lugares, da sobriedade das tapeçarias, dos efeitos de luz profusamente distribuídos; do desafogo dos 5 "foyers", cada um dos quais com o seu bar privativo; e, ainda, da amplidão do "hall" de entrada, em cuja escadaria principal, que dá acesso às tribunas, há um fresco da pintora Estrela Faria, representando figuras alegóricas da dança, da tragédia, da música e do cinema".

"O Século Ilustrado" - 26.12.1953

Esta inauguração, organizada pela Embaixada do Brasil, apresentou o filme brasileiro "O Cangaceiro", do realizador Lima Barreto, cuja lotação estava esgotada para a noite de estreia.


"Diário Popular" - 05.12.1953

"Diário de Lisboa" - 03.12.1953





Uma palavra de apreço a Carlos Caria que, no grupo de Facebook "Cinemas do Paraíso", cedeu gentilmente imagens da capa da brochura de inauguração, bem como o folheto de sala do filme inaugural "O Cangaceiro".

Interior do folheto de sala do filme "O Cangaceiro" (cedido por Carlos Caria)

Interior do folheto de sala do filme "O Cangaceiro" (cedido por Carlos Caria)


Capa da brochura de inauguração a 08.12.1953 (cedido por Carlos Caria)


Cinema Alvalade - 1965 (Arquivo Municipal de Lisboa)


Programa do filme "Melody" - 11.09.1975

Quando foi encerrado em 1985, foi arrendado pela Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), que no ano 2000 o abandonou.
A partir de então o cinema foi alvo de inúmeros actos de vandalismo, servindo nos últimos anos de abrigo a marginais.

Cinema Alvalade - 1990/1991 (Arquivo Municipal de Lisboa)





Em Junho de 2003 o cinema de Alvalade acabou por ser demolido, e no seu lugar surgiu um edifício de oito pisos, destinado a habitação e escritórios, cujo projecto foi da autoria do Arqt.º Rui Rosa chamado Hollywood Residence.

Jornal "Público" - 02.05.2003

Em 22 de Janeiro de 2009, foi inaugurado um novo complexo de cinemas no mesmo local, Cinema City Classic Alvalade, com 4 salas de cinema, com capacidade para 381 lugares, um bar, lojas e estacionamento público (5 pisos). Os lugares das salas distribuem-se da seguinte maneira: Sala 1 - 100 lugares; Sala 2 - 89 lugares; Sala 3 - 112 lugares e Sala 4 - 80 lugares.

O painel de Estrela Faria que tinha sido classificado pelo IPPAR foi guardado e colocado no referido complexo, o que é de louvar.







I - 16.02.2010

Cinema City Classic Alvalade - 2020



Fontes: 
http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/ExposicoesVirtuais/Alvalade/Bairro_cinemaAlvalade.htm
http://www.rdpc.uevora.pt/bitstream/10174/27894/1/Artigo.pdf
https://restosdecoleccao.blogspot.com/2012/03/cinema-alvalade.html
http://guedelhudos.blogspot.com/2009/07/melody.html
https://arquivomunicipal3.cm-lisboa.pt/xarqdigitalizacaocontent/Imagem.aspx?ID=2374986&Mode=M&Linha=1&Coluna=1

22.1.12

Monumental: o "Gigante" dos anos 50


A arquitectura dos cinemas portugueses ganhou um segundo fôlego na década de 50 com o aparecimento de grandiosas salas que, devido às novas possibilidades técnicas, ao "Cinemascope" e aos ecrãns gigantes, exigiam um espaço enorme. Foi nesta década que começaram a surgir salas que podiam atingir os 2000 lugares!
Os novos cinemas deixaram de ser fachadas ou esquinas em ruas para ocuparem quarteirões inteiros, sendo considerados como autênticos monumentos urbanos, pontos de referência dentro da cidade.

Um desses cinemas e aquele que se tornou na referência maior do espaço-cinema em Portugal foi o Cinema-Teatro Monumental e o seu nome diz tudo: grandeza, imensidão, colossal... um enorme ponto de referência de Lisboa, mais concretamente na Praça Duque de Saldanha, onde existiu durante largos anos. 

Foi cinema e teatro, inaugurado a 14 de Novembro de 1951 e teve como obreiro o Arqt.º Raul Rodrigues Lima (responsável pelo Cinema Cinearte, inaugurado em 1940), que iniciou este sofisticado e complexo projecto em 1944, devido às exigências cinematográficas que se adivinhavam e que glorificariam este cinema como espaço de imagens gigantes, sons estereofónicos e efeitos que faziam estremecer e sonhar. Este edificio foi construído no local do antigo Colégio Normal de Lisboa.

                        Espaço do futuro Cinema-Teatro Monumental 

Arqt.º Raul Rodrigues Lima (1909-1980)


Alçado principal sobre a Praça Duque de Saldanha



Alçado sobre a Avenida Fontes Pereira de Melo


Alçado sobre a Avenida Praia da Vitória


Alçado Municipal sobre a Praça Duque de Saldanha

O edificio era marcado por gigantescas estátuas no seu exterior e o átrio era amplo, um local de passagem e encontro para muita gente, tal como o café-restaurante. Os lustres e mármores aglomeravam-se na decoração do interior da sala e das galerias. A sala de cinema era composta por 2710 lugares e a de teatro era composta por 1182 lugares. 
 
Planta da disposição das salas de cinema e teatro


Planta e preçário do Cinema-teatro Monumental

Este cinema-teatro pertencia à "Sociedade Administradora de Cinemas, Lda", cujo dono era o Major Horácio Pimentel. Alguns jornais da época classificaram este espaço como "um luxuoso edificio que, desde as linhas arquitectónicas do exterior à luxuosa comodidade dos seus interiores, oferece o tom moderno e de bom gosto da casa de espectáculos digna de figurar entre as melhores da Europa".

A sala de cinema do Monumental manteve-se sob a gestão do Major Horácio Pimentel, proprietário de todo o edifício e um dos donos da distribuidora cinematográfica Espetáculos Rivus. Esta sala ficou assim associada à distribuição de grandes produções cinematográficas, consolidando o Monumental como um importante polo cultural em Lisboa. O Teatro Monumental foi arrendado pelo empresário Vasco Morgado, marido da actriz Laura Alves, com o objetivo de apresentar uma variada programação de espectáculos, incluindo teatro declamado, operetas, revistas e atrações musicais, muitas vezes com a participação de artistas internacionais. Foi neste espaço que Laura Alves viveu os momentos mais marcantes da sua carreira teatral, alcançando os seus maiores sucessos (António, 2021).


Major Horácio Pimentel


Filme inaugural do Cinema-Teatro Monumental

Peça de teatro inaugural do Cinema-Teatro Monumental





A entrada principal deste edifício, e que abrangia as salas de cinema e de teatro, fazia-se pelo grande vestíbulo principal semi-exterior que, comunicando directamente com a Praça Duque de Saldanha, através de uma arcaria de volta perfeita, funcionava quase como um prolongamento desta.
Segundo Lauro António (2021), este edificio era revestido de pedra e ornamentado com uma enorme coluna encimada por uma esfera armilar, representativa do Estado Novo,  numa das suas esquinas, bem como por estátuas em cada um dos lados da frontaria. 
A entrada do público fazia-se pelas sete portas, em forma de arco, viradas para a Praça Duque de Saldanha, que davam acesso directo ao átrio principal, onde se situavam as bilheteiras, como também aos vestíbulos que antecediam as salas. Os artistas e trabalhadores entravam por uma porta virada para a Avenida Praia da Vitória.

A sala de cinema, paralela à Avenida Fontes Pereira de Melo, possuía grandes dimensões permitidas pelo grande ecrã existente e pelos altifalantes, que permitiam regular o som de acordo com a dimensão da sala.

Ecrã da sala de cinema

Balcões da sala de cinema

Balcões da sala de cinema

Plateia e balcões da sala de cinema

A sala de teatro, paralela à Avenida Praia de Vitória, possuía dimensões mais reduzidas, de modo a aproximar os espectadores do palco.
Para rentabilizar melhor o espaço interno, o arquitecto introduziu três balcões que se prolongavam lateralmente até ao palco e ainda dois camarotes “avant-scène” ricamente decorados.

Teatro Monumental -  Década de 1960

Teatro Monumental -  Década de 1960

Palco da sala de teatro

Plateia da sala de teatro

Balcões da sala de teatro

Sala de teatro


Enquadramento do Cinema-Teatro Monumental na Praça Duque de Saldanha

Logo a seguir ao vestíbulo de entrada, existia um gigantesco foyer, muito hollywoodesco, com mármore, dourados e lustres. Desenvolvia-se por dois pisos. No piso térreo, o acesso às salas fazia-se através de quatro portas, que davam acesso directo às plateias do cinema e do teatro.

Lauro António (2021) recorda que o interior deste cinema, primava por uma decoração luxuosa e de estilo quase "versailliano" concebida por José Espinho, destacando-se pelos lustres imponentes, sofás elegantes, amplas escadarias, mármores de qualidade e detalhes dourados. Os foyers e salões transformaram-se num ponto de encontro para a burguesia lisboeta, que valorizava não só o ambiente requintado, mas também a localização privilegiada nas avenidas novas de Lisboa. Cada andar contava com um salão de acesso exclusivo para os portadores de bilhete, oferecendo uma experiência diferenciada para os que frequentavam o cinema e o teatro.

No último piso, encontrava-se a administração, que tinha à sua disposição uma sala de projeção privada. A sala de cinema era enriquecida por dois grandes painéis, criados pela prestigiada pintora Maria Keil, que ladeavam o imenso ecrã. No exterior, as estátuas e as figuras que decoravam alguns andares foram obra do talentoso escultor Euclides Vaz. Para assegurar a qualidade acústica e isolamento sonoro das duas grandes salas, Manuel Bívar foi o responsável pelos sofisticados sistemas de insonorização.

Entradas para o cinema e teatro, ao fundo a bilheteira do teatro

Foyer do piso térreo

                                                                            Foyer do piso térreo

Foyer do 1º Piso

Foyer do 1º Piso

Foyer do 1º Piso

Salão de chá do 1º piso

Salão de chá do 1º piso

Entradas para o 2º Balcão da sala de cinema e de teatro e camarotes de teatro

Entradas para o 2º Balcão da sala de cinema e de teatro e camarotes de teatro


                                   Sala de estar e entradas para o 2º Balcão da sala de cinema e de teatro

Sala de estar e entradas para o 2º Balcão da sala de cinema e de teatro

Cabine de projecção




Adivinhando futuras necessidades, a sala de cinema viria a acolher todas as novidades, a nível de ecrãs de cinema, como o ecrã gigantesco Cinemascope.



Estreia do filme "A Queda do Império Romano" - 15.09.1964

Cinema Monumental - Década de 1960

Lauro António (2021) relembra um episódio interessante envolvendo o Major Horácio Pimentel, que conheceu durante uma das sessões de cinema. Na época, ele já era crítico no Diário de Lisboa e tinha recentemente escrito sobre o filme Soldado Azul (1970), de Ralph Nelson, exibido no Cinema Berna. Este western, que utilizava a temática dos índios como uma metáfora para a guerra no Vietname, despertou a atenção dos censores devido ao seu subtexto político.

O Major Pimentel contou-lhe uma história sobre outro western, O Pequeno Grande Homem (1970), de Arthur Penn, que se preparava para estrear pouco tempo depois. Contudo, o filme foi inicialmente proibido pela censura. Surpreso com a decisão, Pimentel questionou os censores, argumentando que se tratava apenas de um western. A resposta que recebeu foi surpreendente: “Sim, é um western, mas depois vem o Lauro António, no Diário de Lisboa, dizer que tem a ver com o Vietname e complica tudo.” Após uma longa conversa e alguns cortes estratégicos, o filme acabou por ser aprovado para exibição, e Lauro António teve a oportunidade de escrever sobre ele, tal como havia feito com Soldado Azul. Este episódio ilustra as tensões da época em torno da censura cinematográfica e a influência que a crítica podia ter no debate público sobre os filmes e os seus significados mais profundos.

Antigamente, era recorrente haver atrasos de meses e até mesmo anos na estreia dos filmes em Portugal, comparativamente com os EUA. Exemplos como: West Side Story (1961), que só estreou em Portugal em 1963; Doutor Jivago (1965), que só estreou em 1966, entre muitos outros. 
No entanto, houve casos raros de filmes que estrearam em Portugal, no mesmo ano em que estrearam nos EUA, como: My Fair Lady (1964), estreado em Outubro nos EUA e em Dezembro em Portugal, como também A Guerra das Estrelas (1977), estreado nos EUA em Maio e em Portugal em Dezembro. Ambos os filmes estrearam neste cinema.


Anúncio publicitário do filme "My Fair Lady" - 04.12.1964

Anúncio publicitário do filme "A Guerra das Estrelas" - 16.12.1977

Lauro António (2021) recorda com carinho a sua colaboração com o Cinema Monumental nos anos 1960, durante um período em que trabalhou ao lado de Artur Ramos, responsável pela organização das populares "Quinzenas do Bom Cinema". Este projecto oferecia sessões clássicas às segundas, quartas e sextas-feiras, com filmes exibidos ao final da tarde. Enquanto Artur Ramos liderava o projeto, Lauro António era o responsável por organizar os ciclos quinzenais, seleccionar os filmes junto das distribuidoras e escrever os programas, tudo sob a supervisão de Ramos, que lhe dava grande liberdade para implementar as suas ideias. Esta parceria resultou numa época memorável, marcada por um público numeroso e muito interessado.

Mais tarde, o já mencionado salão de chá transformou-se numa pequena sala-estúdio, designada Satélite. Em 25 de fevereiro de 1971, esta nova sala foi inaugurada no último piso. Com 208 lugares, esta sala menor tinha como objectivo atrair um público mais exigente, oferecendo filmes de autor, numa linha semelhante à sala "Estúdio" do  Cinema Império. 
O projecto foi assinado pelo Arqt.º Raul Rodrigues Lima, em colaboração com os engenheiros Ângelo Ramalheira, Barroso Ramos e Bustorff Silva. O filme de estreia foi Les choses de la vie, de Claude Sautet, com Romy Schneider e Michel Piccoli nos principais papeis. Este filme foi um enorme sucesso de bilheteira nesta sala, cuja receita reverteu a favor da Cruz Vermelha Portuguesa.
Além do cinema e do teatro, o Café-Restaurante Monumental, situado ao lado das salas de espetáculos e integrado no mesmo edifício, era outro ponto de encontro popular. Após as sessões, era comum ver os atores a jantar ali, e muitos espectadores, especialmente os mais jovens, ficavam por perto para "espreitar" as figuras do teatro, como Laura Alves, Paulo Renato, entre outros. Com o tempo, o espaço também se tornou um local onde muitos profissionais, incluindo o próprio Lauro António, agendavam entrevistas e encontros. Essas memórias refletem a vivacidade e o encanto de outros tempos e hábitos culturais (António, 2021).


Fachada do Cinema-Teatro Monumental

Fachada do Cinema-Teatro Monumental - Década de 1950

Fachada do Cinema-Teatro Monumental - Década de 1950

Fachada do Cinema-Teatro Monumental - Década de 1950

Fachada do Cinema-Teatro Monumental - Década de 1950

Panorâmica da Praça Duque de Saldanha

Fachada do Cinema-Teatro Monumental - 1969

Fachada do Cinema-Teatro Monumental - Década de 1950
 
O exterior do Monumental era de pedra, com colunas, estátuas decorativas e esferas armilares de ferro que estão actualmente junto ao Padrão dos Descobrimentos, em Belém. Na lateral da Avenida Fontes Pereira de Melo, albergou o famoso café restaurante “Monumental”.

Fachada do Cinema-Teatro Monumental - 1962



Fachada do Cinema-Teatro Monumental - Década de 1970

Fachada do Cinema-Teatro Monumental - Década de 1970

Fachada do Cinema-Teatro Monumental - Década de 1970

Café Restaurante Monumental


Cinema -Teatro Monumental - Década de 1980

Cinema - Teatro Monumental - Década de 1980

Cinema -Teatro Monumental - Década de 1980 (cortesia de José Varregoso)

Cinema -Teatro Monumental - Década de 1980 (cortesia de José Varregoso)

Cinema -Teatro Monumental - Década de 1980 (cortesia de José Varregoso)

Cinema -Teatro Monumental - Década de 1980 (cortesia de José Varregoso)


Muitos dos grandes nomes dos primórdios da música rock portuguesa passaram pelo este palco, tendo ficado na memória de muitas pessoas uma noite, a meio da década de 1960, em que os Gatos Negros, a maior banda rock portuguesa na altura, chegaram ao ponto de encherem a Praça do Saldanha, numa altura em que qualquer ajuntamento com mais de cinco pessoas era estritamente proibido. 

Enquanto uma multidão se juntava na praça, lá dentro milhares de fãs esgotavam por completo o recinto, e Victor Gomes todo vestido de cabedal preto, corria pelo palco de microfone em riste, dando os seus famosos saltos à Tarzan levando ao delírio o público. Outros tempos...

Espectáculo musical "Grande Concurso Ié Ié" no Cinema - Teatro Monumental - 1966

Neste cinema foram exibidos grandes produções como 20 000 Léguas Submarinas, West Side Story, A Bela Adormecida, Ben-Hur, 2001- Odisseia no Espaço, entre outros, numa caminhada anunciada para o seu término que ocorreu em 1983, devido à falta de público que justificasse os custos de manutenção.

Programa do Cinema Monumental

Programa da Sala-Estúdio Satélite

Programa do Teatro Monumental

Bilhete do Cinema Monumental 


Antes da sua morte em 1980, o Arqt.º Raul Rodrigues Lima visionou um projecto que almejava a completa remodelação do Monumental, de acordo com os novos tempos e hábitos do público de cinema: a grande sala seria dividida em pequenas salas e a entrada aproveitada para várias lojas, que decerto tornariam o cinema mais rentável.

Contudo, de nada valeu o seu esforço, pois não estava em questão salvar um espaço, mas sim de arranjar uma justificação para vender e rentabilizar o espaço ocupado pelo Monumental. O cinema encerrou portas em Março de 1983, com o filme O Vale Perdido.


Fachada do Cinema-Teatro Monumental - Década de 1980

Numa manhã de 1984, os lisboetas acordaram com a noticia que não estavam à espera de ouvir que abordava a demolição do Monumental. As pessoas começaram a acorrer ao local em número cada vez maior e a contestação foi enorme. Ficava claro que a C.M. Lisboa era impotente para travar o poder crescente dos empreiteiros da construção civil sobre os imóveis pertencentes a particulares. 

A queda do Monumental foi o ponto de partida para a demolição de outros grandes cinemas. Salvaram-se os que foram classificados à pressa como património nacional, ou foram convertidos em teatros ou igrejas. A demolição do Monumental traumatizou durante anos os lisboetas, assinalando assim o fim de uma era.

Demolição do Cinema-Teatro Monumental - 1984

                            Demolição interna do Cinema-Teatro Monumental (retirado do Blogue "Citizen Grave)

                       Demolição interna do Cinema-Teatro Monumental (retirado do Blogue "Citizen Grave)

                        Demolição interna do Cinema-Teatro Monumental (retirado do Blogue "Citizen Grave)

                         Demolição interna do Cinema-Teatro Monumental (retirado do Blogue "Citizen Grave)


Demolição do Cinema-Teatro Monumental - 1984


Demolição do Cinema-Teatro Monumental (retirado do Blogue "Citizen Grave)

Demolição do Cinema-Teatro Monumental (retirado do Blogue "Citizen Grave)


Local do antigo Cinema Teatro Monumental - 1989

No mesmo local, ergueu-se em 1993 um moderno edifício, também chamado Monumental, com escritórios, lojas e quatro salas de cinema, a maior das quais com 378 lugares...um monumento aquém do esplendor que o anterior representava para a cidade de Lisboa.


Actualmente, é um edificio de escritórios ocupado na sua quase totalidade pelo BPI.


Fontes: 
Fernandes, José Manuel (1995) Cinemas de Portugal. Edições Inapa.
António, Lauro (2021). O Velho Cine-Teatro Monumental. Em A Mensagem. https://amensagem.pt/2021/05/17/o-velho-cine-teatro-monumental-cronica-lauro-antonio/
https://citizengrave.blogspot.com/2012/06/cinemas-onde-vi-filmes-o-monumental.html
https://arquivos.rtp.pt/conteudos/saldanha/
https://arquivos.rtp.pt/conteudos/peca-de-teatro-transmitida-em-direto/
https://arquivomunicipal3.cm-lisboa.pt/xarqdigitalizacaocontent/Imagem.aspx?ID=2331035&Mode=M&Linha=1&Coluna=1
https://arquivomunicipal3.cm-lisboa.pt/xarqdigitalizacaocontent/Imagem.aspx?ID=2330119&Mode=M&Linha=1&Coluna=1
https://arquivomunicipal3.cm-lisboa.pt/xarqdigitalizacaocontent/Imagem.aspx?ID=2109994&Mode=M&Linha=1&Coluna=1
https://arquivomunicipal3.cm-lisboa.pt/xarqdigitalizacaocontent/Imagem.aspx?ID=2560294&Mode=M&Linha=1&Coluna=1
https://arquivomunicipal3.cm-lisboa.pt/xarqdigitalizacaocontent/Imagem.aspx?ID=2331138&Mode=M&Linha=1&Coluna=1
https://arquivomunicipal3.cm-lisboa.pt/xarqdigitalizacaocontent/Imagem.aspx?ID=2103892&Mode=M&Linha=1&Coluna=1
https://arquivomunicipal3.cm-lisboa.pt/xarqdigitalizacaocontent/Imagem.aspx?ID=3995970&Mode=M&Linha=1&Coluna=1
https://arquivomunicipal3.cm-lisboa.pt/xarqdigitalizacaocontent/Imagem.aspx?ID=3996016&Mode=M&Linha=1&Coluna=1
https://arquivomunicipal3.cm-lisboa.pt/xarqdigitalizacaocontent/Imagem.aspx?ID=2330351&Mode=M&Linha=1&Coluna=1
https://arquivomunicipal3.cm-lisboa.pt/xarqdigitalizacaocontent/Imagem.aspx?ID=3995970&Mode=M&Linha=1&Coluna=1