Nos próximos dias, o presente blogue vai assentar arraiais no Concelho de Sintra. A primeira paragem faz-se na Praça Dr. Francisco Sá Carneiro, onde se encontra um magnifico edificio designado Centro Cultural Olga Cadaval.
Antes desta nova vida como centro cultural, este edificio foi um espaço dedicado à arte cinematográfica, com a designação de Cine Teatro Carlos Manuel.
Inserido no "boom" da construção de cinemas em Portugal, e após inúmeras alterações ao projeto original, este edificio foi construído em 1945. O projeto original era da autoria do Arqt.º Manuel Joaquim Norte Júnior (1878-1962), que já tinha elaborado outros projetos arquitecturais ligados a espectáculos, nomeadamente: o edificio da Voz do Operário, o Cinema Max, o Cinema Royal e a Sociedade Amor da Pátria. Não sendo a obra mais significativa deste arquitecto, o edificio do Cine Teatro Carlos Manuel foi considerado como representativo de um estilo modernista tardio com elementos Art Deco, pertencendo também à classe tipológica funcional "Teatro à Italiana".
No Concelho de Sintra, este arquitecto já tinha elaborado o projeto do Casino de Sintra, construído entre 1922 e 1924 e inaugurado no dia 1 de agosto de 1924.
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Vista panorâmica do Casino de Sintra - Arquivo Municipal de Sintra |
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Vista panorâmica do Casino de Sintra - Arquivo Municipal de Sintra |
Próximo ao Casino de Sintra, no Bairro das Flores, existiu um outro espaço dedicado ao cinema, designado Sintra Cinema (não está relacionado com o cinema com o mesmo nome existente na Portela de Sintra). Foi o primeiro cinema a funcionar em Sintra, tendo encerrado em 1943. Seria na localização deste antigo cinema que iria nascer o magnânimo edificio do Cine Teatro Carlos Manuel. |
Ãntigo Sintra Cinema no Bairro das Flores - Arquivo Municipal de Sintra |
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Antigo Sintra Cinema no Bairro das Flores - Arquivo Municipal de Sintra |
O Cine Teatro Carlos Manuel foi inaugurado em 1948, tendo sido o único cinema a funcionar em Sintra durante largos anos. Foi durante 40 anos, uma referência no quotidiano da vida social e cultural sintrense, encontrando-se fortemente enraizado na memória coletiva do município. |
Planta da fachada lateral sobre a Avenida do Bairro das Flores - Blogue "Restos de Colecção" |
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Planta da fachada lateral sobre a Avenida do Bairro das Flores - Blogue "Restos de Colecção"
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Fachada principal - Visit Sintra |
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Fachada principal - Visit Sintra |
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Plateia e Balcão - Arquivo Municipal de Sintra |
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Plateia e Palco - Arquivo Municipal de Sintra |
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Plateia, Palco e Balcão - Arquivo Municipal de Sintra |
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Balcão e Plateia - Visit Sintra |
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Bar - Arquivo Municipal de Sintra |
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Átrio do rés-do-chão - Arquivo Municipal de Sintra |
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Escada de Acesso ao 1º Andar - Arquivo Municipal de Sintra |
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Átrio do 1º Andar - Arquivo Municipal de Sintra |
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Escada de Acesso ao 1º Andar - Arquivo Municipal de Sintra |
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Escada de Acesso ao 1º Andar - Arquivo Municipal de Sintra |
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Anteprojeto - Arquivo Municipal de Sintra |
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Planta do rés-do-chão - Arquivo Municipal de Sintra |
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Planta do 1º Andar - Arquivo Municipal de Sintra |
Para além da exibição de filmes, este espaço acolheu espectáculos de dança, música e teatro. As matinés carnavalescas e os concertos de Natal são apenas alguns exemplos das atividades que marcariam as memórias deste cine teatro.
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Programa de cinema de 07.12.1952 - Arquivo Municipal de Sintra |
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Programa de Teatro de 01.09.1951 - Arquivo Municipal de Sintra |
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Programa de Dança de 24.05.1952 - Arquivo Municipal de Sintra |
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Programa de Carnaval de 1949 - Arquivo Municipal de Sintra |
Em 1985, este cine-teatro seria atingido por um incêndio, que o deixou, em grande parte, destruído. O palco, os bastidores, o fosso da orquestra, a plateia e grande parte do balcão foram consumidos pelas chamas.
Após este incêndio, Sintra recorreu a outros espaços disponíveis para albergarem eventos culturais pontuais, nomeadamente a Trienal de Sintra e a Companhia de Teatro de Sintra.
Sendo a Vila de Sintra conhecida por albergar diversos eventos culturais, era preemente a existência de um espaço com capacidade para responder às necessidades de tais eventos. Em 1987, a Câmara Muncipal de Sintra adquiriu o edificio por forma a promover a sua reconversão e reabilitação. Assim, nasceria um espaço condigno para receber o prestigiado Festival de Sintra, bem como outros eventos, numa altura em que a vila fora elevada a Património da Humanidade pela UNESCO.
Em 1988, iniciaram-se os primeiros estudos que pretendiam viabilizar uma vasta utilização do edificio. Esses estudos apontavam para a criação de um auditório com cerca de 1200 lugares destinado a Ópera, Teatro, Concertos e Dança, e uma sala polivalente (estudio de cinema/sala de congressos), com capacidade para 200 a 300 lugares. No entanto, estas conclusões viriam a ser avaliadas e alteradas para salvaguarda do projeto original.
Na década de 1990, iniciaram-se as obras de requalificação deste edifício, cujo projeto foi da autoria dos Arquitectos João Monteiro Andrade e Sousa e Miguel Andrade e Sousa.. Não sendo viável uma recuperação integral, optou-se pela recuperação e salvaguarda dos espaços e elementos construtivos mais marcantes, nomeadamente:
- O conjunto das fachadas do corpo principal;
- Os foyers principais e seu revestimento de pavimentos, lambris e tectos;
- As escadarias principais, de nobres proporções e desenvolvimento, com guardas metálicas policromáticas;
- As paredes de alvenaria de pedra envolventes e definidoras da geometria da sala principal e a estrutura e laje do balcão;
- Execução de alterações e adaptações na antiga sala, de modo a compatibilizá-la com as novas exigências de programa, nomeadamente no redesenho do perfil da plateia e fosso da orquestra;
- Construção do novo corpo de cena, da sala de cinema, da sala de ensaios, de espaços de apoio e técnicos, implantando nas áreas demolidas e no jardm contíguo;
- Execução de nova cobertura sobrelevada, incorporando todas as infra-estruturas e isolamentos acústicos indispensáveis;
- Escavação adicional sob o foyer do Auditório Jorge Sampaio, para implantação do bar principal;
- Arranjo dos espaços exteriores adjacentes, nomeadamente: passagem de ligação ao antigo Casino, actual Museu de Arte Moderna; colocação de um pórtico de entrada, com uma estrutura de porte monumental, reminiscente da memória dos antigos teatros de ópera no seu aparato, conferindo uma nova escala e presença urbana ao Centro Cultura e Tratamento da Praça Dr. Francisco Sá Carneiro.
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Cine Teatro Carlos Manuel, década de 1990 - Arquivo Municipal de Sintra |
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Cine Teatro Carlos Manuel, década de 1990 - Arquivo Municipal de Sintra |
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Obras de Requalificação do Cine Teatro Carlos Manuel, década de 1990 - Arquivo Municipal de Sintra |
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Obras de Requalificação do Cine Teatro Carlos Manuel, década de 1990 - Arquivo Municipal de Sintra |
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Obras de Requalificação do Cine Teatro Carlos Manuel, década de 1990 - Arquivo Municipal de Sintra |
O resultado final foi a reconversão deste edifício no Centro Cultural Olga Cadaval, inaugurado a 13 de outubro de 2001.
Este novo espaço engloba um conjunto de salas, áreas de apoio e espaços técnicos de grande qualidade técnica e funcional, nomeadamente:
- Auditório Jorge Sampaio (sala de teatro), com capacidade para 1005 lugares;
- Auditório Acácio Barreiros (sala de cinema), com capacidade para 276 lugares;
O novo corpo de cena, as duas asas do palco que aproveitam toda a largura do terreno, um subpalco, ligado ao novo fosso de orquestra e as zonas de armazenamento e de trabalho, são os espaços de maior envergadura e importância pafra o funcionamento do grande Auditório. Esta sala não só passou a contar com a possibilidade de realização de congressos apoiados pelas cabines de tradução, mas também com melhores condições a nível cénico. A boca de cena, ligação com o corpo de cena, foi alargada para 14m de largura e 9m de altura.
Na zona da plateia, o pavimento foi reconstruído e foram adicionados aos estudos iniciais régies de tradução, sonorização, iluminação e projeção. Na zona da caixa de palco foram englobados, num piso inferior, o fosso de orquestra e o sub-palco, ambos com estruturas que possibilitam a sua elevação permitindo uma variedade de configurações para melhor adaptação ao espetáculo em causa.
É ainda de referir que os dois auditórios que constituem o Centro Cultural - Auditórios Jorge Sampaio (grande) e Acácio Barreiros (pequeno) - são apoiados por várias salas de ensaio (sendo a principal de dimensões semelhantes à cena do Auditório Jorge Sampaio), um conjunto de camarins coletivos e individuais, em condições de receber qualquer produção do circuito nacional e internacional e zonas de trabalho e armazenamento.
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Auditório Jorge Sampaio - Câmara Municipal de Sintra
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Auditório Jorge Sampaio - Câmara Municipal de Sintra
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Auditório Acácio Barreiros - Câmara Municipal de Sintra |
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Auditório Acácio Barreiros - Câmara Municipal de Sintra |
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Auditório Acácio Barreiros - Câmara Municipal de Sintra |
Foram efetuados diversos melhoramentos e benefícios, nos três corpos do edifício, tendo todas as infra-estruturas sido executadas, integralmente, de novo, como todas as alimentações e ligações às redes de abastecimento, que compreenderam as instalações eléctricas, telefónicas, mecânicas, de ventilação e condicionamento de ar, a segurança, as redes de águas e esgotos, os equipamentos de bares e ascensor.
Ao nível da acústica existiu, igualmente, um trabalho de grande envergadura que se reflectiu na escolha de materiais e revestimentos, constituição de paredes, lajes e coberturas e seus isolamentos, geometria dos espaços e na especificação de vários elementos construtivos.
A decoração dos interiores cumpriu-se numa estrutura espacial despojada, na valorização das texturas e dos materiais que se assumiram numa continuidade decorativa despojada de excessos. Procurou-se a beleza através da homogeneidade dos materiais, das cores e do espírito das formas. Encontra-se assim mármores beges, castanhos e pretos, obras de arte, móveis e iluminação, passíveis de condizer com o ambiente de prazer proporcionado pelo espectáculo, e uma atenção muito particular dispensada ao foyer principal.
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Átrio - www.allaboutportugal.pt |
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Átrio - www.allaboutportugal.pt |
Foi atribuido a este renascido edifício, o nome da grande mecenas Olga Nicolis di Robilant Álvares Pereira de Melo, Marquesa do Cadaval, personalidade marcante da vida nacional do Séc. XX, a quem Sintra deve a génese do seu Festival de Música, que vê desta forma reconhecido o papel importante que teve no panorama cultural português, graças ao seu contributo relevante para divulgação da arte musical.
Fontes:
DOS REIS, Filipe Miguel Costa. Dissertação "A Cultura como Influência da Reabilitação e Revitalização do Centro Histórico de Portimão". Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes, 2015
https://cm-sintra.pt/atualidade/cultura/espacos-culturais-auditorios/centro-cultural-olga-cadaval
https://arquivoonline.cm-sintra.pt/
https://ccolgacadaval.pt/
https://visitsintra.travel/pt/sintra-antiga/13-cineteatro-carlos-manuel
https://restosdecoleccao.blogspot.com/2013/09/cine-teatro-carlos-manuel.html
https://www.alagamares.com/a-vida-mundana-em-sintra-antes-do-25-de-abril/
https://www.e-cultura.pt/patrimonio_item/14100
http://revistatritao.cm-sintra.pt/index.php/listaefemerides/329-1945-o-arquitecto-norte-junior-projecta-o-cineteatro-carlos-manuel
https://www.allaboutportugal.pt/en/sintra/cultural-centers/centro-cultural-olga-cadaval
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