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24.8.21

Cinemas do Paraíso: Viseu

Depois de uma magnifica viagem a Viseu, a cidade-jardim, vou falar-vos dos antigos e actuais cinemas desta bela cidade.

De acordo com o site "Cinema Ícaro", o cinema iniciou-se com o grito de Viriato e acabou com a queda de Ícaro.

A experiência cinematográfica chegou a Viseu em Fevereiro de 1897, onde a primeira sessão de cinema foi exibida no Teatro Boa União (atual Teatro Viriato), pelas mãos do Sr. Luciano. Era um homem dinâmico e empreendedor, possuídor de uma cervejaria mesmo em frente ao teatro, que se designava de "Cervejaria Cinema". Esta projecção ocorreu quatro meses depois de ter sido feita na cidade do Porto.

A origem deste teatro remonta a 1879, quando a "Sociedade Filarmónica Viseense Boa União" resolveu comprar um terreno por um conto e duzentos mil reis. O restante processo desenvolveu-se a muito custo, recorrendo-se ao apoio de alguns proprietários locais, tendo os trabalhos sido suspensos por falta de dinheiro. Apesar das inúmeras dificuldades financeiras, com a necessidade de recorrer ao empréstimos bancários, foi possível concluir a obra.
A sua inauguração ocorreu a 13 de junho de 1883, sendo que o seu programa foi inserido nas Festas da Cidade, como ponto alto da programação. Os espectáculos de estreia foram da responsabilidade da Companhia de Teatro António Pedro.


Em 1898, este edifício ganhou a designação de Teatro Viriato. A partir de 1912, as grandes companhias nacionais e estrangeiras teatrais sairam de cena, para dar lugar ao ecrã do animatógrafo. O cinema ocupa a maior parte dos programas deste teatro, com grande afluência por parte dos viseenses. Em 1914, começa a ser explorado por duas empresas: uma promove os espectáculos cinematográficos e a outra os teatrais. Outras actividades, como o Circo, começam a perder espaço.

Com o aparecimento de outras salas concorrentes, este espaço começou a perder público e encerrou portas em 1960. Durante a década de 1960, chegou a transformar-se num armazém de mercearia.



Em 1985, este teatro volta a abrir as portas, numa tentativa de mostrar o que restava da sala de espectáculos. Por um breve tempo, conseguiu reviver a glória dos seus tempos aúreos, graças ao encenador Ricardo Pais e às sucessivas propostas da Área Urbana - Núcleo de Acção Cultural, para reabilitar a unica sala de teatro de Viseu.

Entre 1986 e 1996, assistiu-se à completa recuperação deste teatro, apesar das inúmeras dificuldades de gestão de obra,  e graças ao intenso e contínuo esforço financeiro da C.M. Viseu, em parceria com outras instituições financiadoras.

A 8 de maio, o novo Teatro Viriato foi inaugurado, albergando o Centro de Artes do Espectáculo de Viseu, estando aberto até à actualidade. É uma sala de espectáculos com cena à italiana: palco fixo central, plateia, camarotes, frisas e regie. Possui 6 pisos e localiza-se no Largo Mouzinho de Albuquerque.










A 17 de Setembro de 1921, seria inaugurado o Avenida Teatro, localizado na mesma rua que o Teatro Viriato. Dispunha de 2000 lugares com 2 andares, camarotes e jardins exteriores, sendo considerado um dos melhores teatros da época. O espectáculo inaugural foi "Entre Giestas", da Companhia Amélia Rey Colaço e Robles Monteiro. Os espectáculos integrados nas Festas da Cidade de 1926 já se realizavam, exclusivamente, neste teatro. Apesar de exibir espectáculos de taeatro, música e bailado, o cinema é que preenchia a grande parte dos seus cartazes. Contudo, acabou por encerrar em 1961 e foi demolido em 1971.





A partir da década de 1960, Viseu passou a ter somente uma sala de espectáculo ativa, o Cine Rossio. Localizado nas traseiras da Câmara Municipal (na Praça do Rossio), iniciou as suas actividades em Julho de 1952. O filme inaugural foi "O Preço da Juventude" de Réne Clair (1950).
O edifício dispunha de 3 pisos e, dizia-se, tinha sido construído para albergar uma garagem. O piso -1, ao nível do actual Mercado, era um Salão de eventos onde se realizavam os bailes de Finalistas.
No piso 0, situava-se a sala de cinema em anfiteatro, com um palco com boca de cena a toda a largura da sala, mas com uma pequena profundidade de cerca de 2,5 metros, o que era uma grande limitação para outros espectáculos, com uns camarins rudimentares. Possuía 2ª e 1ª Plateias, e ao fundo da sala, um conjunto de 12 Frisas de 6 lugares extensíveis a 8. 
No Piso 1, situava-se o Bar e a Cabine de Projecção. O cinema decorria à 3ª feira, (normalmente com filmes de cowboys ou  de pancadaria), 5ª feira, Sábado e Domingo.


Este espaço recebeu a primeira de muitas sessões do Cine Clube de Viseu (fundado em 1955).

Embora com grandes limitações de área de palco, também se realizaram alguns espectáculos no Salão de Cinema. Por ali passaram, a Escola de Acórdeãos de Mário Costa, Carlos do Carmo, o Conjunto Académico João Paulo, Tonicha, entre outros.

Acompanhando o sucesso crescente da música ligeira da década de 1960, surgiram muitos filmes musicais. E nos Cinemas começou a moda de, aos intervalos da projecção destes filmes, actuarem os novos conjuntos Pop, o que também aconteceu neste espaço, nos anos de 1965 e 1966, onde actuaram diversos grupos musicais, como "Os Tubarões".



Este cinema encerrou em meados de 1983, tendo sido demolido em 1994.


A 22 de novembro de 1982, foi inaugurado o Cinema São Mateus. Localizado na Rua Alexandre Herculano,  foi uma sala moderna para a época, com som, imagem e conforto de qualidade (com capacidade para 276 lugares), tendo sido muito bem recebida pela população da cidade. A qualidade da sala e da programação fizeram do São Mateus uma das mais respeitadas salas de cinema do país. O seu proprietário foi João Figueiredo da Silva.


Contudo, este cinema acabou por encerrar as portas em Agosto de 2005, devido à falta de público e concorrência imposta pelas salas do Fórum Viseu e do Palácio do Gelo. O último filme que exibiu foi "Um Amor em África" de John Boorman.

O Cineclube de Viseu mostrou interesse em este cinema depois do seu encerramento, mas a hipótese era tão dispendiosa, tornando-se praticamente inviável. O espaço foi vendido para património, tendo sido comprado pela Farmácia Oliveira.


O proprietário do Cinema São Mateus inaugurou outra sala de cinema, na mesma rua, com a designação de Cinema Ícaro. Situado nas Galerias com o mesmo nome, foi o primeiro cinema em Viseu a ser integrado num centro comercial. O filme inaugural foi "Quando o Céu e a Terra Mudaram de Lugar" de Oliver Stone. Esta sala podia albergar 172 pessoas.

Infelizmente, este cinema encerrou portas em 2005, meses antes do encerramento do Cinema São Mateus. O último filme que exibiu foi "O Aviador" de Martin Scorsese.

Em Maio de 2018, este cinema recebeu o Desobedoc - Mostra de Cinema Insubmisso durante cinco dias. Neste mesmo ano, um grupo de cidadãos e comerciantes lançou uma petição para a sua reabertura, afirmando a sua relevância para os Viseenses, através de uma nova programação mais direccionada para o cinema independente e alternativo, exibição de clássicos do cinema mundial, realização de festivais, mostras de cinema e criação de eventos de natureza cultural e cinematográfica. Desde então, 1201 pessoas já assinaram esta petição.




Actualmente, Viseu dispõe de dois multiplex geridos pela NOS Audivisuais, em dois centros comerciais: Fórum Viseu com 6 salas e o Palácio de Gelo com 10 salas. A programação nestas salas é comercial, não reflectindo o panorama mundial da produção cinematográfica.




Fontes:
- https://www.teatroviriato.com/
- https://cinemaicaro.pt/historia-dos-cinemas-em-viseu/
- https://porviseu.blogs.sapo.pt/15446.html
- https://cineclubeviseu.pt/O-CINE-CLUBE-DE-VISEU
- https://shifter.sapo.pt/2018/07/cinema-icaro-viseu/
- https://ostubaroesviseu.blogs.sapo.pt/8435.html
- https://ostubaroesviseu.blogs.sapo.pt/7837.html
- http://antonio-rocha.blogspot.com/2008/04/blog-post.html
- https://www.jn.pt/arquivo/2005/cinema-s-mateus-vai-fechar-portas-505920.html
- https://vistacurta.pt/argumento/Argumento22.pdf/*

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