Depois de um fim-de-semana passado na belíssima cidade do Porto, resolvi escrever sobre um dos mais belos e gigantescos cinemas portuenses, de seu nome Coliseu.
O Coliseu do Porto nasceu das cinzas do Salão Jardim Passos Manuel que surgiu em 1908, tendo suscitado de imediato um enorme interesse e curiosidade, tornando-se no ponto de encontro dos portuenses da época.
E todo este frenesim era causado pela sua elegância e modernidade baseadas nos jardins parisienses da época, como também por proporcionar ao público diversos entretenimentos como café-concerto, music-hall, esplanada e cinematógrafo. Em poucos anos transformou-se na mais famosa casa de espectáculos do Porto.
Em 1911, este espaço foi renovado e ampliado passando a incluir jardim esplanada, salão de festas, pavilhão restaurante, hall e um pequeno teatro. Também se comprovou a existência de uma orquestra e dois sextetos através da descoberta de mais de 2000 partituras com o carimbo do Arquivo Musical do Jardim Passos Manuel, o que revela a importância e a popularidade que o espaço tivera noutros tempos.
Em 1911, este espaço foi renovado e ampliado passando a incluir jardim esplanada, salão de festas, pavilhão restaurante, hall e um pequeno teatro. Também se comprovou a existência de uma orquestra e dois sextetos através da descoberta de mais de 2000 partituras com o carimbo do Arquivo Musical do Jardim Passos Manuel, o que revela a importância e a popularidade que o espaço tivera noutros tempos.
No final da década de 1920, este salão renovou-se. Abria as portas ao fim da tarde como café concerto, para logo a seguir iniciar as sessões de cinema. No Verão havia exibições ao ar livre no jardim. Contudo, a diversão começava depois da meia-noite quando se iniciava o music-hall, dirigido ao público masculino de todas as idades e extractos sociais, atraído pela sedução das danças das coristas e pelo salero e sapateado das espanholas.
Resumindo, este espaço era polivalente acolhendo sucessos do cinematógrafo, saraus, reuniões culturais e conferências. Mais do que ser um mero espaço de diversão, este salão marcou uma época, sendo um pólo de animação cultural e recreativa, dinamizando a cidade com espectáculos e atracções de todo o tipo, trazendo grandes nomes da música e do espectáculo ao Porto.
Contudo, no final da década de 1930 a sua actividade começou a decair devido ao aparecimento da rádio, indústria fonográfica e os salões de baile.
Contudo, no final da década de 1930 a sua actividade começou a decair devido ao aparecimento da rádio, indústria fonográfica e os salões de baile.
O desaparecimento deste salão deu origem ao colossal Coliseu, cujos primeiros esboços datam de 1911. Ao primeiro impulsionador do projecto, João José da Silva, juntaram-se outros notáveis portuenses como Raul Marques, Adélio Vaz, Conde da Covilhã e Joaquim José de Carvalho.
Numa época onde a conjuntura mundial era extremamente insegura, o projecto de construção do Coliseu avançou, tendo custado 11 mil contos que na altura poderia ser considerado de elevado custo. Em 1937, surgem os primeiros desenhos do edifício pelo arquitecto José Porto, que rapidamente abandonou o projecto. Seguem-se mais arquitectos como Yan Wills e Júlio de Brito que tiveram uma breve participação no projecto, mas foi Cassiano Branco que assumiu o cargo de arquitecto dirigente, contando com a colaboração de Júlio de Brito, com quem viria a entrar em conflito mais tarde.
Não se sabe muito bem quem foi responsável pelo design de interiores deste espaço. Charles Cicles, autor de diversos teatros de Paris, elaborou desenhos para o projecto mas, aparentemente, só foram aproveitados os candeeiros e as portas. Seguiu-se Mário Abreu que projectou o interior e alterou a sala principal, as escadarias e a torre de fachada (que deveria ser envidraçada), como também eliminou o néon verde, vermelho e branco que acompanharia todo o edifício.
Apesar de todos os problemas que iam surgindo com a troca de arquitectos, engenheiros e empreiteiros, o Coliseu do Porto foi concluído em 1941 tornando-se rapidamente numa referência arquitectónica devido ao seu estilo moderno e vanguardista, marcando indelevelmente a cidade e a população portuense.
A 19 de Dezembro de 1941, o Coliseu (propriedade da "Companhia de Seguros Garantia", fundada em 1853) foi inaugurado com pompa e circunstancia como também com todo o patriotismo inerente ao Estado Novo. Foi um grande acontecimento cultural e social da cidade, com a presença das personalidades da época num ambiente sofisticado e de grande elegância. A cidade do Porto passou a ter à sua disposição um espaço colossal e dotado de todos os luxos modernos e que era dedicado à arte e cultura.
A 19 de Dezembro de 1941, o Coliseu (propriedade da "Companhia de Seguros Garantia", fundada em 1853) foi inaugurado com pompa e circunstancia como também com todo o patriotismo inerente ao Estado Novo. Foi um grande acontecimento cultural e social da cidade, com a presença das personalidades da época num ambiente sofisticado e de grande elegância. A cidade do Porto passou a ter à sua disposição um espaço colossal e dotado de todos os luxos modernos e que era dedicado à arte e cultura.
A sala principal podia albergar inicialmente 3300 lugares sentados, distribuídos pela plateia, tribunas, camarotes, frisas, galeria reservada e geral.
Durante várias décadas, este espaço proporcionou aos portuenses todo o tipo de espectáculos como: ópera, dança, música clássica, música ligeira e popular, espectáculos de variedades, musicais, circo, festas de carnaval, cinema, saraus e congressos.
O ano de 1995 foi o mais decisivo de toda a história do Coliseu do Porto, quando a Empresa Artística S.A., pertencente ao Grupo Aliança (então proprietária do Coliseu), apresentou um requerimento na C.M. Porto a solicitar o alargamento das atividades deste espaço a conferências, festas, palestras, sermões, culto religioso e actividades de acção social que permitiriam a alienação deste espaço à Igreja Universal de Deus (IURD). Escusado será dizer que a polémica se iniciou...
A noticia da possibilidade do Coliseu passar para as mãos da IURD espalhou-se, fazendo com que os portuenses reagissem com uma manifestação às portas do cinema. Um mar de gente encheu a Rua Passos Manuel, numa manifestação espontânea com uma grandiosidade sem precedentes na cidade do Porto, surpreendendo o país inteiro. Aos populares juntaram-se intelectuais, políticos, artistas e instituições e todos juntos lutaram contra o fim anunciado do Coliseu, enquanto espaço e símbolo cultural da cidade.
Para recolher fundos para a compra do Coliseu, foi feito o espectáculo “Todos pelo Coliseu”, onde a adesão foi enorme, tanto por parte do público, como por parte dos muitos artistas que actuaram gratuitamente. Foi um espectáculo apoteótico, que demonstrou o carinho e orgulho que os portuenses nutrem pelo Coliseu.
Neste espectáculo surgiram os primeiros sócios-fundadores da Associação dos Amigos do Coliseu do Porto (AACP), uma associação sem fins lucrativos, criada para assegurar o funcionamento e a gestão do Coliseu enquanto equipamento cultural de grande relevância para a cidade. E, em poucos meses, o seu número ultrapassaria os 5.000 afiliados.
Foram todos estes Amigos do Coliseu que garantiram que esta sala de espectáculos emblemática se mantivesse como um espaço aberto à cultura, como também servisse a cidade do Porto com os seus espectáculos.
Em 1996 todas as atenções estavam viradas para a modelo Claudia Schiffer, principal atracção do desfile de moda Portugal Fashion 96, que teve lugar no Coliseu do Porto. Nas horas seguintes deflagrou um incêndio que iria destruir completamente a caixa de palco, provocando graves estragos na sala principal e nos camarins. Não se sabe o que originou o incêndio, mas as suas consequências foram gravosas originando horas de choque e consternação entre os amantes do Coliseu.
Mais uma vez a solidariedade mostrou-se quer por parte das instituições (Governo, Presidente da República, C.M.Porto), como também de empresas e particulares que contribuíram com apoio financeiro e materiais para a reconstrução.
No final do mesmo ano, numa recuperação surpreendente, o Coliseu reabriu as portas com o tradicional espectáculo do Circo de Natal, renascendo das cinzas para o agrado de todos.
Contudo, só em 1998 é que a sala estaria totalmente recuperada, reabrindo ao público com a ópera "Carmen" de Bizet, numa co-produção entre a Associação Amigos do Coliseu do Porto, o Círculo Portuense de Ópera e a Orquestra Nacional do Porto.
As obras de recuperação, iniciadas logo após o incêndio que deflagrou em Setembro de 1996, vieram revelar algumas falhas e graves deficiências nas infra-estruturas, procedendo-se a uma profunda remodelação do edifício, preservando ao máximo a sua traça e características originais.
Modernizaram-se os equipamentos e as tecnologias, passando o Coliseu do Porto a reunir todas as condições para receber todo o tipo de espectáculos, incluindo os de grande dimensão. Estas remodelações tornaram o Coliseu numa sala polivalente, bem apetrechada e grandiosa, que permitiram um novo fôlego e reforçaram a programação artística, recuperando audiências e voltando aos seus momentos áureos.
Em 2001, ano em que o Porto foi Capital Europeia da Cultura, o Coliseu consagrou-se definitivamente como património cultural por excelência, ao receber os grandes espectáculos integrados nestas comemorações.
Em 2001, ano em que o Porto foi Capital Europeia da Cultura, o Coliseu consagrou-se definitivamente como património cultural por excelência, ao receber os grandes espectáculos integrados nestas comemorações.
Actualmente, este espaço é constituído por um Salão Jardim, um espaço agradável e intimista ao nível da plateia, caracterizado por uma decoração sóbria e distinta e que pode acomodar 150 pessoas. Vocacionado para albergar exposições, reuniões, seminários e apresentação de produtos, o Salão Jardim proporciona um ambiente sofisticado, fazendo de cada evento um momento notável.
O Salão Ático, enquadrado no piso superior, é um espaço que dispõe do requinte e da funcionalidade necessárias para acolher eventos de média dimensão. Concebido para permitir uma grande flexibilidade ao nível da disposição do mobiliário e da montagem de diversas soluções de iluminação e som, este espaço está vocacionado para uma grande variedade de iniciativas: concertos, recitais, exposições, passagens de modelos, congressos, conferências, encontros, reuniões, apresentação de produtos, conferências de imprensa, banquetes, bodas e festas. Um espaço distinto e de grande impacto que consegue acomodar 300 pessoas.
Também existe uma sala estúdio no Coliseu e que foi inaugurado a 26 de novembro de 1971, de seu nome Cinema Passos Manuel.
Foi remodelado e equipado com um novo sistema de projecção e som em 1997. Foi renovado em 2004 e, actualmente funciona como sala de espectáculos, bar e discoteca.
Fontes:
http://www.coliseudoporto.pt/
http://techarea.coliseu.info/
http://restosdecoleccao.blogspot.pt/search?q=coliseu+do+porto
http://techarea.coliseu.info/
http://restosdecoleccao.blogspot.pt/search?q=coliseu+do+porto
https://www.fotold.com/fotos/lugares/1984-coliseu-do-porto-102431
https://www.fotold.com/fotos/lugares/1984-coliseu-do-porto-102432
https://www.facebook.com/passosmanuelporto/
http://gisaweb.cm-porto.pt/units-of-description/documents/421987/?q=titulo%3A%28coliseu%29+objetos%3Asim
http://gisaweb.cm-porto.pt/units-of-description/documents/425503/?q=titulo%3A%28passos+manuel%29+objetos%3Asim
https://www.spottedbylocals.com/porto/passos-manuel/
Só hoje descobri este blogue e acho-o extremamente interessante; junta o meu gosto por cinema e arquitectura/engenharia, nota-se um grande trabalho de pesquisa e uma vontade de contar a história dos cinemas, que também é parte da história do cinema. Muito bem, mesmo.
ResponderEliminarQuanto ao Coliseu, devo dizer que não é um espaço com a melhor acústica, mas é realmente mítico e repleto de histórias e alterações ao longo dos anos.
Pretendo apenas obter um esclarecimento sobre acústica.
ResponderEliminarComo é possível que em concertos de música clássica, sem qualquer amplificação, a acústica do Coliseu do Porto seja considerada excelente por muitos e variados especialistas e por outro lado em alguns espectáculos amplificados, haver a ligeireza de culpar o Coliseu pelos maus sons que por vezes são lá produzidos...
E quando lá se produzem espectáculos irrepreensíveis? O Coliseu, fisicamente não se alterou...
Algum crítico me consegue explicar ?